terça-feira, 9 de abril de 2013

Obrigações


Não conheço ninguém que goste de viver diariamente, as vinte e quatro horas do dia, cumprindo obrigações. Todo mundo precisa de pelo menos 10 minutinhos de pleno prazer, onde precisa procrastinar a própria vida.

Obrigação leva à rotina, rotina leva ao tédio, tédio leva a insatisfação e a insatisfação, leva a conseqüências terríveis.

As grandes empresas de hoje tem trocado a filosofia de obrigação por responsabilidade, um exemplo claro é a Google. Ou seja, você não tem a obrigação de bater religiosamente o ponto às 08:00h todo santo dia, mas você tem a responsabilidade de executar suas missões no tempo predeterminado.

Pessoas obrigadas a fazerem ou agirem de determinada forma, tornam-se mais irresponsáveis, ariscas e improdutivas. É do ser humano não gostar de  dar satisfações, todo santo dia fazer exatamente a mesma coisa, na mesma sequencia. A inovação traz novas perspectivas tanto para o funcionário, quanto para a empresa.

E isso deve também ser aplicado nos relacionamentos pessoais, com a família e amigos. Ninguém tem obrigação nenhuma de dar satisfações a toda hora, estar presente a todo o momento. Assim como ninguém deve viver em função de um emprego, ninguém deve viver em função de um relacionamento.

A ideia é aprender a dividir tudo em proporções que não pesem e frear quando a obrigação lesionar o bem-estar. Tudo flui adequadamente quando estamos satisfeitos com o ciclo que a vida toma, quando não nos sentimos aprisionados e obrigados a agir de forma contrária aos próprios princípios.

Certo que, tem aquela turma do fundão que só agita e agita e nunca faz nada com responsabilidade e desconhece a obrigação. Mas o xis da questão é: quando fazemos algo por obrigação, sempre é mal feito.

Estive em Brasília algumas semanas atrás, e tive um exemplo simples e claro do que é trabalhar por prazer, e não por obrigação. Um funcionário do setor de limpeza do Congresso Nacional tem por obrigação realizar a limpeza dos carpetes do Senado, só que ele vai além do estabelecido, ele revela o artista que há dentro de si, e reproduz a Catedral Metropolitana, a Bandeira Nacional, o próprio Congresso Nacional nos carpetes, com a ajuda única de um aspirador de pó. Ele não ganha um centavo a mais por fazer isso, e se duvidar não ganha nem o reconhecimento dos próprios senadores que lá trabalham, mas ele faz porque, no meu ponto de vista, é como se fosse uma travessura permitida que ele tem direito no horário de trabalho – e que lhe faz bem – e acrescenta o ambiente de trabalho dos senadores. Ele é responsável, pois faz adequadamente o trabalho proposto, mas ele faz com um “que” a mais - que exime a obrigação.

E tudo que não gera obrigação, torna-se um prazer executar. Assim como uma aula de hidroginástica, onde se pode rir, brincar ao mesmo tempo em que se exercita, assim como, em um trabalho, onde suas idéias podem ser expostas e você possa executar o trabalho da sua forma, contanto que o resultado final seja o desejado.

Assim como a água dá um jeito de fugir quando é presa entre as mãos, qualquer pessoa que se sinta fortemente obrigada tentará fugir de alguma forma, mesmo que seja correndo sem parar até a Rússia, sem olhar pra trás. 

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