Não conheço ninguém que goste de
viver diariamente, as vinte e quatro horas do dia, cumprindo obrigações. Todo
mundo precisa de pelo menos 10 minutinhos de pleno prazer, onde precisa
procrastinar a própria vida.
Obrigação
leva à rotina, rotina leva ao tédio, tédio leva a insatisfação e a
insatisfação, leva a conseqüências terríveis.
As
grandes empresas de hoje tem trocado a filosofia de obrigação por
responsabilidade, um exemplo claro é a Google. Ou seja, você não tem a
obrigação de bater religiosamente o ponto às 08:00h todo santo dia, mas você
tem a responsabilidade de executar suas missões no tempo predeterminado.
Pessoas
obrigadas a fazerem ou agirem de determinada forma, tornam-se mais
irresponsáveis, ariscas e improdutivas. É do ser humano não gostar de dar satisfações, todo santo dia fazer exatamente a mesma coisa, na
mesma sequencia. A inovação traz novas perspectivas tanto para o funcionário,
quanto para a empresa.
E
isso deve também ser aplicado nos relacionamentos pessoais, com a família e amigos. Ninguém tem obrigação nenhuma de dar satisfações a
toda hora, estar presente a todo o momento. Assim como ninguém deve viver em
função de um emprego, ninguém deve viver em função de um relacionamento.
A
ideia é aprender a dividir tudo em proporções que não pesem e frear quando a
obrigação lesionar o bem-estar. Tudo flui adequadamente quando estamos
satisfeitos com o ciclo que a vida toma, quando não nos sentimos aprisionados e
obrigados a agir de forma contrária aos próprios princípios.
Certo
que, tem aquela turma do fundão que só agita e agita e nunca faz nada com
responsabilidade e desconhece a obrigação. Mas o xis da questão é: quando fazemos
algo por obrigação, sempre é mal feito.
Estive
em Brasília algumas semanas atrás, e tive um exemplo simples e claro do que é
trabalhar por prazer, e não por obrigação. Um funcionário do setor de limpeza do
Congresso Nacional tem por obrigação realizar a limpeza dos carpetes do Senado,
só que ele vai além do estabelecido, ele revela o artista que há dentro de si,
e reproduz a Catedral Metropolitana, a Bandeira Nacional, o próprio Congresso
Nacional nos carpetes, com a ajuda única de um aspirador de pó. Ele não ganha
um centavo a mais por fazer isso, e se duvidar não ganha nem o reconhecimento
dos próprios senadores que lá trabalham, mas ele faz porque, no meu ponto de vista,
é como se fosse uma travessura permitida que ele tem direito no horário de trabalho –
e que lhe faz bem – e acrescenta o ambiente de trabalho dos senadores. Ele é
responsável, pois faz adequadamente o trabalho proposto, mas ele faz com um “que”
a mais - que exime a obrigação.
E
tudo que não gera obrigação, torna-se um prazer executar. Assim como uma aula
de hidroginástica, onde se pode rir, brincar ao mesmo tempo em que se exercita,
assim como, em um trabalho, onde suas idéias podem ser expostas e você possa
executar o trabalho da sua forma, contanto que o resultado final seja o
desejado.
Assim
como a água dá um jeito de fugir quando é presa entre as mãos, qualquer pessoa
que se sinta fortemente obrigada tentará fugir de alguma forma, mesmo que seja
correndo sem parar até a Rússia, sem olhar pra trás.
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