terça-feira, 23 de abril de 2013

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E muita gente vive arrastando relacionamentos terminados, sem propósito algum. Alias, por mera acomodação e conforto. E segue vivendo no meio termo, naquela felicidade premeditada e estabelecida, todavia, não vivida. Conforma-se em pisar no próprio ego, nas próprias emoções, e tem a mão toda machucada de tanto dar murro em ponto de faca. Se duvidar, nem dor sente mais.

O apego pelo fim veta um novo acontecimento. Prolonga por um tempo indeterminado e torturante algo que, já acabou, já era, escafedeu e não pertence mais a este presente.  Mantendo, colando cacos, como se não desse para visualizar todo o remendo, cada cicatriz, cada decepção que ocorreu no decorrer do tempo.

E quando olha pra trás, sente saudades de muitas coisas. Da pessoa que era, daquele bom humor contagiante, de todos aqueles sonhos mirabolantes, dos planos de ter aquela mega casa na praia, de ter cinco filhos e quinze cachorros; do trailer pras viagens de família; da esperança sem fim de encontrar o Peter Pan e viver criança pra sempre na terra do nunca.

E quando olha o hoje, sente aquele vazio que não se sabe em qual momento esvaziou o ser. Não sabe em que estação desembarcou e deixou os sonhos seguirem sozinhos. Não sabe onde tava toda aquela esperança, que fazia minar alegria na vida. Além de não saber, não quer procurar.

E quando olha o futuro, não enxerga absolutamente nada além do que enxerga hoje. Só sabe que, o vazio vai se expandir e invadir por inteiro seu corpo em determinado momento. Sabe lá no fundo que, também vai se arrepender das dietas descontroladas, das férias não tiradas, dos filhos não tidos, e da casa da praia, mesmo que alugada, que não fora.

E assim, muitos vão vivendo: Se arrastando pela vida, como se não tivesse um porque de estar aqui. Como se não houvesse missão, sonhos, amor, alegria e esperança. Seguem disfarçadamente satisfeitos com vidinhas medíocres que construíram no decorrer de suas meras existências, sem conquistas que satisfazem o ego, sem sonhos que se tornaram realidade.

Entre paixões enlouquecedoras, momentos de “deixa pra lá, eu me viro sozinha”, dos traumas e decepções, momentos de sensação de equilíbrio, de ser guerreira, batalhadora, independente e muitas outras coisas que, não ocupam o 100% de toda convicção nem sem sempre é convicta, eu ando fazendo a minha parte: fazendo daqui, renunciando dali, viajando em cada feriado prolongado, permitindo errar e acertar e olhar pra trás – não com remorso e arrependimento – mas sim com aquela sensação de que, eu to fazendo da minha vida, a melhor possível, no limite que me é permitido.

Um beijo pro meu bom senso que, vez em outra, me impede de apertar o enter.

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