segunda-feira, 23 de maio de 2016

2.8


Acordo com 28 anos, lembrando vagamente do dia que fiz 4. Com um dos meus vestidos super rodados, com meus cabelos presos em laços mega enfeitados, com a Tia Vera fazendo as bonequinhas que seriam lembranças da festa que aconteceria mais tarde. 

Antes eu pegava o primeiro voo pra curtir meu feriado prolongado ou as férias tão esperadas e chegava no pique, com o roteiro todo planejado, pra aproveitar cada canto a cada momento. Voltava no ultimo voo, capotada, e no dia seguinte estava no batente. Hoje eu analiso friamente os voos disponíveis, de acordo com a hora que eu terei que acordar para ir até o aeroporto, e volto no primeiro voo disponível para poder descansar pra encarar o batente no dia seguinte. Disposição, minha filha, cadê você?

Antes eu saía quinta, sexta, sábado e se tivesse festa no domingo, eu estava lá. E eu conciliava toda a festança com faculdade e trabalho. Eu tinha pique para encarar toda aquela muvuca, fila pra entrar na balada, fila pra comprar a cerveja, fila pra usar o banheiro, fila pra pagar a comanda e ir embora pra casa. Hoje eu tenho trauma de fila, se vou no supermercados e tem fila, eu largo tudo e vou pra casa. Festa? Só se for de criança e tiver cadeiras ou casamento de alguma amiga muito próxima. Encontrar os amigos? Só se for em casa e eu puder usar chinelo. Paciência e disposição, cadê você? 

Como a data é minha, vou falar sobre o que eu acho: Que não me falte dinheiro, nem viagens, nem livros, nem oportunidades de evoluir. Daqui pra frente, que as coisas fluam com mais leveza. Que me sobre mais tempo para passar com o Luigi. Que eu seja mais inteligente do que ontem. As responsabilidades dos 30 chegando. Que os fios brancos errem o caminho da minha cabeleira. Que eu encontre muitos motivos para sorrir. Que eu separe a qualidade da quantidade. Que eu mande menos pessoas se lascar. Que minha paciência se multiplique como gremlins. Que no meu cofrinho, tenha dinheiro suficiente pra me levar para bem longe sem passar fome. 

Que eu tenha um pouco da garota de 12 anos e da criança de 5 anos que já fui. A disposição dos 18, a prudência dos 25, a irreverência dos 16, os sonhos de todos esses anos. Que eu tenha fé que chegarei na mesma idade da Martha Medeiros, sem crise nenhuma, ou se eu tiver, que eu saiba administrar muito bem. 

Aos 28 anos eu desejo perseverança, porque daqui pra frente, eu definitivamente paro de contar, pela minha própria sanidade!