O filme “Antes de partir”,
relata a história de dois homens, na casa dos 60 e poucos anos, com câncer
terminal, que decidem viajar pelo mundo e fazer tudo o que adiaram por décadas.
Eles eram completos desconhecidos que dividiam o mesmo quarto no hospital, mas
que entendiam perfeitamente o que cada um sentia em tal situação. Como a
perspectiva de vida era de seis meses a um ano, eles resolvem realizar as
ultimas vontades e sonhos.
O bacana do filme, não é só
essa “curtição instantânea” que reflete o desespero de ver a vida com os dias
contados. Reflete o outro lado, o que deixamos de fazer enquanto temos saúde,
arrogância e prepotência. E o que fazemos quando a situação se reverte, onde desejamos
um pedacinho do paraíso e nos redimimos a tal ponto que, reconsiderarmos tudo
aquilo que construímos com base em nossas crenças.
Mostra um homem que venceu na
vida, com a sua astúcia e visão ampla no ramo dos negócios, homem este que se
tornou prepotente e insuportável, e acima de tudo, sozinho. E outro homem que
desde muito jovem constitui família, e teve que renunciar ao sonho de se formar
em filosofia, para poder criar e educar os filhos, numa época onde o negro era
visto com péssimos olhos.
O primeiro, não sabia nada
sobre a essência do mundo. Tinha muito dinheiro, mas não tinha o amor da
família, e muito menos fé. O segundo era uma pessoa sábia, que sabia um pouco
de cada coisa, era humilde e transbordado de fé.
O filme mostra a realidade de
ontem, de hoje, e do amanhã. Mostra que nós nos desfazemos de muitos sonhos,
pelos imprevistos da vida, nos tornamos insensíveis, conforme ganhamos mais
dinheiro. Que só temos fé, se algo de nosso interesse vem a ser solidificar e
acontecer.
Não devemos adquirir uma
doença terminal para percebermos que deveríamos ter viajado mais, ter sido mais
paciente, ter tido amizades de todas as classes sociais. Que deveríamos ter
visto mais filme, lido mais livros, entendido um pouco mais sobre astrologia,
filosofia, sentimentos humanos.
Não devemos nos cegar com
esse desenvolvimento desfreado que não nos leva a lugar nenhum, alias, nos leva
para bem longe do essencial e fundamental aos olhos, sentidos e existência.
Talvez seja necessário morar
em outro estado, dizer não as chantagens emocionais, agradar uns e desagradar
outros. Vivermos com qualidade. Não nos isolarmos em metas bilionárias, em
sentimentos supérfluos e vida vazia.
O primeiro homem era infeliz
e fingia que não sabia. O segundo homem era feliz e sabia, mas queria conhecer
o outro lado, queria um tempo pra si, já que sempre viveu em função da família.
Talvez o desespero de ter data para partir, o fez mudar o roteiro do jogo e ter
um tempo para si.
Espero que você não ceda os
imprevistos da vida, achando que seja um sinal divino para não prosseguir.
Espero que você não se frustre por ser forçado a mudar o ritmo das coisas.
Espero que você não viva por dinheiro. Espero que você não jogue fora pessoas
que te acrescentam espiritualmente e sentimentalmente. Espero que você ame as
pessoas, independente do valor que elas trazem na carteira, conta bancaria ou
carro que anda. Espero que você tente conhece rum pouco de tudo que seja
interessante. Espero que você de um tempo pra si sempre que achar necessário.
Espero que você não tenha um câncer terminal para começar a viver.
Valorize cada pessoa que
entrar e sair da sua vida. Certamente ele fez com que você evoluísse um pouco:
seja cultura, em sentimentos, em qualquer coisa. Ela é única e vai te ensinar
algo que ainda esta em déficit em você.
E como o Carter disse no filme:
“O valor da vida de uma pessoa está determinado pelas pessoas que admirava
você”.
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