quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Professores

O dia dos professores já passou, mas falar deles nunca sai de pauta. Que não transpareça prepotência minha, mas eu sempre tive uma sorte absurda com os professores, eles sempre foram bons nas matérias que davam. Teve uns que sequer sabiam o que estavam fazendo ali, de tanta sabedoria que transbordavam e transmitiam. E eu sou muita grata a todos eles. 

Vamos aos agradecimentos?

Tia Tânia, minha primeira e única professora do ensino infantil. A que me ensinou que, quem tagarela na hora da refeição, fica de castigo metade do tempo na hora que a diversão no parquinho rola solta. Mas no fundo, no fundo, ela tinha orgulho de mim (preciso acreditar nisso!) eu era a única que aos 06 anos sabia ler e escrever e tagarelar em proporções assustadoras. Obrigada pela paciência!

Tia Cidinha, minha professora da primeira até a quarta série. Ela perpetuou em mim o hábito da leitura. Ela organizou as melhores excursões que eu pude participar. Me ensinou letra cursiva, somar, subtrair, multiplicar, dividir, principalmente meu lanche no recreio com as outras crianças. Ela dava asilo na biblioteca quando eu queria boicotar as aulas de educação física. Obrigada pelos livros!

Depois delas, tive inúmeros professores no ensino fundamental e médio, de inúmeras matérias. Mas as que mais marcaram foram as professoras de história, Vera, Thereza e Cecília. Elas abriram minha mente para desvendar o mundo, em torno das pirâmides do Egito, a grande muralha da China, o holocausto tenebroso e o golpe militar. Obrigada pelas histórias!

Na faculdade, entre juízes, promotores e advogados como professores, destacam-se o Dr. Cristiano e Dra. Renata com a destreza que ministravam suas aulas e na tática exemplar de ensino que, até hoje sei de cor Direito Civil. Obrigada pelas leis!

Já a querida Fátima, me mostrou todo o vasto vocabulário francês num curto espaço de tempo, para que eu não morresse de fome, nem de tédio, nem de nada na minha viagem desbravadora. Me sai razoavelmente bem, não passei fome, não passei tédio, só algumas vergonhas, mas tudo bem, faz parte do contexto. Merci pour tout!

A Gabi, grande amiga, é completamente apaixonada pela profissão. Ela ama as suas pequenas grandes crianças de uma forma incondicional. Ela fala o nome de cada um com uma ternura que só mãe coruja fala de seus filhos. E ela é boa no que faz, ela ensina de coração, o que torna isso tudo uma grande diferença entre ser professor e dar aula. E ela sabe bem, que ali na sala de aula é uma moeda de troca, enquanto ela ensina a garotada ela aprende muito coisa que só acrescenta sua bagagem. Obrigada pelos princípios! 

E a vida, vem me ensinando, diariamente, durante todos esses anos, que não existem meias verdades e nem meias mentiras, que o certo continua sendo o certo e o errado, errado; que eu devo ter paciência, estudar, exercitar, viajar e correr atrás dos meus sonhos. Que nada substitui deitar a cabeça no travesseiro em paz. Que eu tenho muita sorte, mesmo quando acho que o azar anda me perseguindo de forma mais que maníaca. Que eu posso errar, se esse erro me ajudar a evoluir. Que eu devo acertar, porque isso infla meu ego. E ela vem me ensinando tanta coisa boa, tanta coisa útil que eu me pergunto, vez e outra: O que eu estivesse fazendo esse tempo todo que ainda não aprendi a lição? Eu estava em algum lugar, questionando os porquês, os quandos, os quantos, os ondes, em busca de respostas que não tem perguntas. 

Quando não somos professores, somos alunos. E no fundo, eu não sei se estou preparada para deixar o banco escolar algum dia. Obrigada à todos os professores que fizeram parte da minha formação! 



quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Barulho na madrugada


Acordo de madrugada com o barulho. Será que alguém pulou o muro e está tentando arrombar a porta da minha casa? Meu cachorro dispara a latir. O susto é enorme que, quando tento acender a luz do quarto, nada acende. Pronto: Os caras são tao espertos que cortaram a minha energia para o crime perfeito, logo penso. Cadê o celular? Acho esse, tateando no escuro e o derrubo. Acredito que ele se despedaçou em mil. E agora? O Charlie continua a fazer o maior escândalo. Nessa altura do campeonato, quem quer que fosse que, já desistiu de arrombar a porta e roubar o que quer que fosse e foi embora, era muito barulho e os vizinhos, possivelmente, já teriam acordado. Resolvi levantar no escuro mesmo assim. Eu estaria bem encrencada se encontrasse o meliante na sala, pois não daria tempo de chegar até a cozinha e pegar a frigideira para me defender adequadamente. Tentei a sorte. 


Cheguei na sala e vi que tudo estava quieto demais, o único som que vinha de fora era do sapo, que provavelmente estaria ali na minha área. Acendi a luz da sala, da cozinha, da varanda, da lavanderia. Peguei minha melhor frigideira e resolvi vasculhar lá fora. Sim, tinha um sapo perto da churrasqueira. Se alguém tentou entrar em casa, só pode ter sido ele. Além de feio e asqueroso, o dito cujo era muito gordo. Apaguei tudo e resolvi voltar a dormir. Sem antes, achar meu celular despedaçado e juntar cada pedacinho dele. Eu precisaria dele logo menos, para me acordar. Percebi que apertei o interruptor da velocidade do ventilador em vez da luz. Não faltou energia em momento algum, faltou foi discernimento em apertar o interruptor certo, isso sim. O meliante era o sapo gordo, que eu esperava que fugisse logo, para que eu não tivesse o desprazer de vê-lo pela manhã. Mas por precaução, a frigideira ficou ao lado da cama. 


Logo pela manhã, mal lembrando da muvuca que aconteceu na madrugada, tudo estava na mais perfeita ordem (E o sapo já tinha se retirado da cena do crime) até que.... Eu descobro o verdadeiro motivo do barulho horrível da madrugada: O suporte que sustenta os cabides despencou. Claro, que era por excesso de peso, mas como o guarda-roupas estava fechado e o som da queda foi abafado, dava a impressão que era na parte externa da casa. Na hora eu cai na risada, mas depois eu vi a confusão que eu tinha entrado: Teria que arrumar toda aquela bagunça na primeira oportunidade - e muita coisa tinha que ir embora.


A culpa não era do sapo, nem do suposto ladrão. A culpa pelo barulho era somente minha. Pelo meu "excesso" de roupas penduradas à espera de serem usadas (e quase nunca usadas). Era eu saindo da minha zona de conforto de forma forçada para reorganizar meu guarda-roupas e tirar o peso extra que havia ali. 


Metaforicamente falando, é um exemplo que devemos seguir. Tirar o excesso de nossas costas, antes que entremos em curto circuito. Dar atenção aos contratempos que a vida cria e nos envolve e resolvê-los e até mesmo eliminá-los o quanto antes, e não simplesmente quando a sirene toca e a tempestade já está caindo.