terça-feira, 11 de outubro de 2016

Esperando

"Alguns cachorros querem ser livres para vagar, pois não tem alguém que os ame."

Bruce W. Cameron - 4 vidas de um cachorro



Uma hora sentada esperando o Charlie sair do banho. Pensei: Os dreads devem estar dando um trabalho danado pra Tia Aninha. Enquanto isso, leio todos os emails. Consigo fazer uma faxina no meu celular. Me atualizo no Instagram e no Facebook. Faço o pagamento de 3 contas pelo aplicativo do Banco no celular (que facilidade, gente!). Converso com a moça ao lado, que está com o rosto inchado de tanto chorar, porque o Paçoca (salsichinha) está doente e ela não consegue imaginar uma vida sem ele por perto. O veterinária a chama, e continuo eu, na sala de espera. 

Chega um cowboy e começa a tirar selfie, com as fotos de vários cachorros que tem na parede. Faz caras e bocas, e eu seguro a risada. Daí eu começo a tossir, num impeto de dar uma risada enrustida à tal episódio. Daí ele conversa com a recepcionista e vai embora. O telefone toca, a recepcionista atende e começa a elevar o tom da voz. Ela trata mal mesmo a mulher (sim, ela repetiu o nome umas 5 vezes da mulher do outro lado da linha). Fico indignada, essa guria deve estar infeliz com o salário ou porque o chefe esqueceu que ontem foi o dia da secretária. Vai saber.

Daí um maltês mau humorado sai do banho. Não é o meu. O Charlie não é de todo mau humorado, mas tenho orgulho dele ser um cachorro de poucos amigos. Chega uma maltesa toda desgrenhada, dou um suspiro alto aliviada - o Charlie não é o único em ter cabelos rebeldes. Passa um tempo chega um gordo com seu cachorro gordo. E na recepção tem uma balança com os seguintes dizeres: "Balança apenas para uso animal". O gordo vai lá e sobe na balança, ela dispara e pára nos 123,5 kg. Talvez ele seja uma anta e eu que não sabia. 

Minha barriga ronca e lembro que só tomei um copo de suco pela manhã. Olho para a ala "spa" e nada do Charlie aparecer. Levanto, bebo um copo de água, vou até a calçada ver o movimento da rua, mas resolvo voltar para dentro do pet shop porque o vento tá gelado, e de repente, a porta se abre e vejo meu branquelo vindo, tipo "Transformação" da Xuxa, livre de nós, com os fios alinhados, barba aparada e cheiroso. E ele abre o maior sorrisão quando me vê, do tipo: "Olha mamãe, eu estou lindo!". Todo orgulhoso do belo trabalho que a tia Aninha acabou de fazer. E eu fico toda boba, só pensando: Coisa linda da mamãe, e esquecendo de tudo o que ocorreu nos sessenta minutos que se passaram. 


Um comentário:

  1. Olá Bruna, gosto muito do seu estilo alegre, observador e crítico. Parabéns!

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