quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Paciência

Apesar de ter apenas 1/4 de século, eu já não tenho paciência para muitas coisas. Não é estrelismo, não é arrogância, muito menos prepotência. É falta de paciência com reclamações baratas, com futilidade sem fim e falsidade infinita. Chega um ponto da nossa vida (cada um tem a própria idade e tempo para descobrir isso) que começa a pesar na balança entre ser feliz ou conviver pacificamente com tudo que desagrada e fere. Sim, dá pra você viver pacificamente sem ser desagradada e ferida, e ao mesmo tempo feliz. O nome disso é escolha. Saber escolher as pessoas com quem quer conviver e dividir as suas conquistas e derrotas, saber escolher onde se quer viver e como. 

Nos últimos anos eu tenho feito uma limpeza dura em muitos setores da minha vida, e isso vem surtindo um efeito muito positivo, logo isso é ótimo. Exclui da minha vida, sem cerimonias e churumelas pessoas que se revestiam de cinismo, inveja e mau caratismo. Parei de agradar aos outros e dediquei meu tempo a agradar a mim mesma. Pois aprendi que para fazer qualquer pessoa feliz, eu preciso estar feliz. E fazer coisas que me desagradam para ter supostos amigos do lado, já não faz sentido. 

Não tenho paciência para pessoas que causam conflitos por pouco e comparam todos a tudo e se acham donas da verdade e surdas para orientações. Não tenho paciência para discutir sobre pessoas com pessoas que vivem em função disso. Não tenho paciência alguma com falta de lealdade e corrupção ativa e passiva. 

Sabe as pessoas que só criticam e nunca admitem seu erros? Também não tenho paciência. Aquelas que não incentivam, colocam pedras no caminho, sempre rezo para não encontrar enquanto estou andando pelas ruas. Não tenho paciência, perdi há muito tempo. Posso ter perdido essa virtude muito cedo na vida, mas isso tem me rendido boas escolhas, me tirado de belas enrascadas (mas me coloca em outras tantas também, convenhamos!). 

Não tenho paciência com quem maltrata os animais, faz barbaridades no trânsito, fura fila e se faz de pobre coitado. 

Não tenho paciência com quem não sabe aproveitar as oportunidades que a vida fornece para crescer e aprender, nem com quem me faz perder o resquício de paciência que ainda habita em mim. 


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Sobre livros


Jurei pra mim mesma que passaria um ano inteirinho sem comprar livros. Vetei idas à shopping, bloqueei livrarias online. Tive a colaboração de grandes amigos que foram solícitos ao emprestar seus livros, também contei com meu bom senso de reler livros que eu já tenho em minha estante e que acrescentaram muito na minha vida. No meu aniversário os presentes foram livros e chocolates (existe combinação mais perfeita do que essa, minha gente?), e eu fiquei radiante ao ver meu amor sendo lembrado pelos amados. 

Existe uma tênue diferença entre gostar de ler e gostar de livros. Quem gosta de ler, lê qualquer coisa. Digo isso sem medo algum, pois é a mais pura verdade, a leitura pode ser de uma revista, um cartaz, uma bula. Já quem gosta de livros é quase inexplicável o sentimento. É o toque, é o cheiro, é a textura, é o conteúdo que envolve, hipnotiza, transgride. Existe mágica mais real do que entrar num livro e sair de lá completamente mudado? E livro pra mim não é só enfeite. Tenho que ler, sublinhar as passagens que me tocam e emprestar para que as pessoas possam também, aproveitar o que o livro tem a ensinar. 

Daí como essa promessa só vale para compras próprias, eu resolvi presentear todos os aniversariantes com livros. Por um lado, eu estava incentivando a leitura, por outro lado, impondo que a pessoa lesse. Entre prós e contras, fiquei bem feliz da maioria ter lido, ter gostado, ter agradecido e o melhor, ter me emprestado o livro para que eu pudesse também, aproveitar da leitura e do presente. 

Uma observação bem relevante: Estou no meu oitavo mês de promessa e eis que hoje começa a 23º Bienal do Livro em SP. Outra observação bem relevante: Eu nunca fui na Bienal. Mais uma observação relevante: Eu vou. Eu sei, estarei a prova de fogo. Tantos livros, uma só paixão, em um só lugar. Vai ser difícil resistir. Eu sei. Nem fui ainda e to aqui, sofrendo por antecipação. 

Bom, em breve haverá um post sobre minha experiência bem sucedida (assim espero!) da Bienal. Pra quem for: Boa diversão e boas compras!

sábado, 9 de agosto de 2014

Sobre a tal justiça


Lembro até hoje quando fiquei sabendo que tinha passado no vestibular pra Direito. Você deve estar pensando: "E daí? Grande coisa!". Mas era uma grande coisa mesmo. Ali eu tinha tantas esperanças de que eu seria o diferencial no mundo, que mergulhei de cabeça. Nos cinco anos de labuta, quis ser advogada, promotora, juíza, delegada, investigadora, até que eu caí na real e escolhi ser eu mesma. Pois é, não sou nada do que eu desejei em todos aqueles anos que sofri por notas boa e por compreender o que era processo penal na minha vida. Me tornei algo que eu não esperava, mas que eu gostei bastante.

Mas quando eu ingressei no curso, o senso de justiça predominava. Só que com as experiências que vamos tendo em nossas vidas, percebemos que a palavra justiça é um pouco vaga, e que ser justo nem sempre é fazer as coisas de acordo com o que a lei estabelece. Explico.

Uma das coisas que eu mais adoro é escutar relatos de pessoas que estavam literalmente na merda e encontraram uma forma de dar a volta por cima de forma justa e honesta. Pessoas que tem a habilidade de transformar um acontecimento ruim em uma experiência boa. Considero isso uma bela injeção de animo, quando acho que nada tem solução, que tudo conspira contra, que tudo é isso e que tudo é aquilo. 

Você provavelmente já deve ter convivido com alguém que tenha passado pro uma doença grave e superou toda essa situação ruim com otimismo e se tornou uma pessoa bem melhor. Eu conheço. Eu admiro. Eu invejo, admito. Gosto de gente que consegue manter o pensamento positivo e o ânimo firme, apesar de todos os pesares. Sei que isso é fé em si mesmo, e o quanto é difícil manter toda positividade quando tudo ao redor parece desmoronar, mas se há algo que eu aprendi de verdade nessa vida é que devemos acreditar que somos capazes de superar qualquer obstáculo.

Eu sei que tenho pouca idade, e que meu senso de justiça é bem diferente de alguém que tenha 30 anos à mais do que eu. São as experiências que nos moldam, mas é o caráter que nos leva ao que fazemos. Um recente aprendizado, fora da sala de aula sobre justiça, é que para ser justo de verdade, precisamos tirar todos os sentimentos de ação, analisar todos os prós e contras e não apontar dedos. Eu vivia falando que quem pouPa os maus, ofende os bons. Mas o que nós sabemos sobre poupar os maus? E se na verdade, os bons estão sendo poupados? A justiça, na realidade, começa a ser aplicada quando deitamos a cabeça no travesseiro e analisamos o que fizemos no dia e conseguimos adormecer em paz. Nós somos os maiores acusadores que podemos ter. O que nós achamos de nós mesmos conta mais do que uma multidão acha. E colocar defeito nos outros, não camuflará os nossos próprios defeitos.

É muito fácil vivermos em um mundo, com rotulações do que é certo e do que é errado, e assim, classificar pessoas entre boas e ruins. Mas a verdade é que, dependendo da educação que você tenha tido, os valores serão diferentes. 

Quando buscamos justiça, podemos estar sendo injustos. E com essa luz no fim do túnel, eu resolvi ser indiferente do que ter razão. Até porque, para ser justo, devemos deixar o orgulho e o ego de lado.