sexta-feira, 28 de junho de 2013

Avante, em frente, sempre!


A lua vermelha vai se despedindo e o dia vai clareando, e o azul que estava negro, vai misturando mais branco e clareando o dia. O que antes a noite escondia, o sol vem mostrar.

Colinas que lembram o Condado do filme O Senhor dos Anéis. Montanhas onipresentes de ambos os lados da pista, chamando a atenção pela variedade de tonalidades de verdes, pela beleza exuberante que fascina e enfeitiça, dando as boas vindas pela visita. Dá vontade de escalar as montanhas e ver se não encontro nenhuma toca de qualquer Bolseiro por ai. Mas a estrada me manda seguir em frente, avante!

E assim, Santa Catarina nos recepciona, nos encantando com o excesso de beleza que nunca será tido como excesso. Eu que sempre entrei no estado por via aérea, ou no calar da madrugada, pude enxergar - em alta definição - mais uma amostra desse Estado estupendo que, ganha o título de melhor lugar para se viajar.

Penha é o destino, cidadezinha que foi escolhida pela falta de opção, tornou-se a melhor opção não esperada. Cidade litorânea que não chama tanta atenção como suas vizinhas Florianópolis e Balneário Camboriú. A ventania no final da tarde acalma os ânimos antes exaltados pelo sol, pelo mar, pelo parque, pelas montanhas.

A primeira parada foi na Praia da Saudade, no final da tarde, que só de lembrar dá saudades. Saudades da infância na beira do mar fazendo castelos indestrutíveis de areia, colhendo conchinhas intactas para levar como lembrança pra casa, saudades de muita coisa que aconteceu, do que ainda á acontecer, saudades sabe-se lá do que, saudades de tudo e de quase nada.

E as ondas vão quebrando, trazendo aquela paz que tanto estávamos procurando, e as buzinas dos carros que carregam seus donos estressados não permitiam que encontrássemos. E o mar, com o vento vão formando uma bela melodia, anestesiando pensamentos nada amistosos, e esvaziando o cérebro, para que informações novas - e sejam realmente importantes, levando embora tudo aquilo que é descartável.

Vontade de ficar ali, por tempo indeterminado apreciando tudo o que me foi dado de presente: mar, árvores, ar, vida, visão, percepção. Vontade de ficar nesse estado, do qual me encanto por completo, e nada me faz gostar menos a cada vez que vou completando minha jornada pelo país.

E o dia vai indo embora, deixando a noite novamente chegar, sem lua estampada no céu, estrelas encobertas por nuvens, uma brisa que me lembra de que estou de férias e que devo aproveitar cada momento, seja descansando, brincando, mergulhando ou apenas pensando, ou nem pensando – apenas absorta em qualquer lugar da galáxia.

Recarregando as energias para um novo ano que promete mudanças radicais em todo o ciclo da minha vida, sempre olhando pra frente, seguindo em frente, olhando pra trás apenas para ver o sol se pôr. E nada melhor que, fazer isso em um lugar do qual gosto de forma peculiar, com alguém que gosto de forma incondicional.

O melhor lugar do mundo


O melhor lugar do mundo para alguém com sono é uma cama. O melhor lugar do mundo para quem está com dor de barriga é um banheiro. O melhor lugar do mundo para uma pessoa que está triste é um abraço. O melhor lugar do mundo pra quem está em crise é um divã.

Podem existir milhares de lugares intitulados como o melhor do mundo em nossa lista infinita de exigências e metas. Pode ser numa praia paradisíaca, na página de um livro, um trecho de uma música, no abraço de uma mãe,  no beijo de um amor, mergulhado em pensamentos, no alto do Everest. Tudo depende da sintonia, do momento, do querer.

Para uma atriz, o melhor lugar do mundo pode não ser o palco, e sim a casa da avó. Para um piloto, o melhor lugar do mundo pode não ser seu próximo destino, e sim o percurso para chegar até ele. 


Meu melhor do mundo é imenso, há dias que é dentro de um livro, outros dentro de uma piscina; há momentos em que, minha cama resolve todos os problemas, e em outros, é dentro de um avião, numa trilha, numa praia, reunida com os amigos; e minha lista segue infinita como meu pensamento, solta, sem rumo, sem direção.

O melhor lugar do mundo deve ser aquele que nos dá a sensação de que estamos mais perto do que longe, mais realizados do que satisfeitos, mais felizes do que tristes. E esse lugar deve ser achado diariamente, nas nossas atividades profissionais, pessoais, estudantis. Deve ser procurada no nosso exterior e interior, nas pessoas ao nosso redor, em absolutamente tudo.

E este lugar está mais perto do que você possa imaginar, é só abrir os olhos e as janelas e observar tudo o que está ao redor, sempre há algo interessante que nos agregue. Sempre há um melhor lugar do mundo: mesmo que seja na mordida de uma pizza ou no trajeto para o trabalho.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Paulista Baiana


Fui pra Bahia paulista, voltei pra São Paulo baiana. Com preguiça, sotaque e um pouco de marmota. A agitação paulista ficou lá, a calmaria baiana veio comigo. 

Micro férias que me alienou do mundo. Quebra de preconceitos. Quilos adquiridos. Com direito a acarajé, vatapá, muqueca de mariscada e camarão, sorvete de cajá e tapioca, suco de umbu e casquinha de siri. Lambreta não encarei, nem caranguejo, isso seria exigir muito do meu paladar conservador. 

Um mergulho na baía de todos os santos, um city tour por um Pelourinho em clima de São João, comprinhas no Mercado Modelo, três pedidos para Senhor do Bonfim, almoço com vista maravilhosa, guias bem treinados.

Trocar os dias nublados e chuvosos de Sampa, por alguns ensolarados e quentes de Salvador. Rever primos, ver a seleção ganhar, curtir um mar, ficar sem celular, sair da rotina.

Ser turista é uma delicia! É provar comidas inimagináveis, andar de ônibus  se perder e não ligar muito, estar aberto à novas amizades, comprar sem culpa (engordar também), querer mudar de cidade, valorizar mais a própria cidade, observar além do óbvio, se teletransportar nos próprios pensamentos, se encantar de verdade com o belo, e conhecer um pouco mais de uma cultura antes não conhecida.

E pra quem estava precisando de uma desaceleração pra vida, a Bahia foi uma ótima pedida (em termos). O sossego baiano conseguiu diminuir meus batimentos cardíacos que estavam a mil, me libertou da ansiedade que tirava minhas belas noites de sono, me fez matar saudades, me fez sentir saudades.

De volta à São Paulo, sinto saudades do calor, do mar, do sossego, das férias.
Mas mato as saudades do Chacha, do arroz com feijão, da correria do dia a dia. 

Muito obrigado, Axé!

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Dói


O descaso dói
A indiferença dói
Tanta coisa dói

Um dedo machucado dói
Um tombo dói
Uma bronca dói

Um amor dói
Uma surra dói
Uma saudade dói

Uma rejeição dói
Uma injeção dói
Um coração dói

Tanta coisa dói
Há tanto momento distinto
Dói tanto que nem sinto
Talvez pra simular, eu minto

E a dor fica lá
Não sei quando cessará
Que remédio curará

Uma perda dói
Um beliscão dói
Uma palavra dói
Uma despedida dói

Tenta coisa dói
Que por isso só basta
É uma dor que não passa
Que por isso só basta


Uma dor dói

100


100 crônicas publicadas. Alguns fãs conquistados. Opiniões expressadas, percepções compartilhadas. Pontos de vida semelhantes, outros diversos.

Tentei diversificar sobre diversos temas. Fui repetitiva, chata e sem sal. Em outros momentos, uma sábia vindo de um lugar muito distante. E quando não houve postagem do dia, houve algumas cobranças de leitores fiéis. Textos à pedidos, textos inspirados em amigos, textos inspirados em sentimentos, textos surgidos do nada.

Quando uma amiga me sugeriu escrever um livro, optei pelo blog. Mas eu nunca imaginaria que eu escreveria textos que ajudassem indiretamente às pessoas, nas suas dúvidas e dilemas. 

Usando uma citação de Emínio Sargentim:

"A escrita é um ato de imortalidade. Ao escrever, o ser humano se inscreve na matéria e permanece sendo. Uma parcela dele adquire, assim, um caráter de perenidade. O homem é hoje o que foi ontem e será amanhã o que é hoje. Ao escrever, o seu hoje, que amanhã será passado, continuará presente."

Minha inspiração nasceu de livros diversos, mas com textos de Martha Medeiros, Lia Luft e Arnaldo Jabor a motivação seguiu em frente. Com pedidos de Marcos, Manuelle, Suely e Gabriela dei vazão aos pensamentos virarem palavras escritas e expostas.

A motivação é o motor de tudo em nossa vida. Muitas vezes precisamos de empurrões amigos, puxões de orelha para vestir de vez a camisa e cair de cabeça nos sonhos antes adormecidos. 

Meu muito obrigada a cada um que perde alguns minutos do tempo para dar uma bisbilhotada no blog e compartilhar os textos que mais se identifica. 

Gentil


E todo dia de manhã, lá está ele com seu uniforme branco intacto aguardando o próximo cliente. No estacionamento seu fusca brilhante e conservadissímo o aguarda para um passeio que acontecerá logo menos.

Só na Rua José Alvim, está estabelecido a cerca de seis décadas, fazendo adequadamente o seu trabalho. Um dos raros barbeiros ainda ativos na cidade – muito bem cotado, alias.

Assistiu de camarote o centro se revitalizar. Presenciou o surgimento e a queda da ditadura, assistiu de camarote toda a transformação automobilística. 

E todo dia quando passo em frente a sua barbearia, ele abre o sorriso e solta: “Bom dia moça bonita!”, e eu prontamente respondo: “Bom dia Senhor Gentil”. E assim, ele cumprimenta todos que por ali passam, acrescentando seu dia com prosas diversas, com pessoas diversas.

Uma gentileza em pessoa. Eu o admiro por tal qualidade que o próprio carrega no nome. O admiro pela perfeição e dedicação que realiza o seu oficio, anos a fio, década após década.

Gentileza é uma qualidade absurdamente rara nos tempos modernos. Mas o Senhor Gentil, sabe como ser gentil.

Brasil x Itália


O jogo do Brasil contra a Itália foi tenso e de tirar o fôlego. Estádio lotado. 48  mil pessoas, se duvidar, 47.900 eram brasileiros. O amarelo de misturando com o verde e azul dos bancos. Gritos eufóricos vindos da arquibancada. Uma única vibração. 


Começa o ula. Times entram para reconhecer o campo. Times voltam para trocarem o uniforme. Começa o Hino Nacional Brasileiro. A torcida acompanha e continua. Espetáculo lindo que tive o imenso prazer de participar.

E o juiz apita e a partida começa. O ataque chega ao gol e vai pra fora. Meu Deus, será que meu coração vai aguentar? Começo a me arrepender de ter dito às pessoas que eu iria assistir o jogo, vão me chamar de pé frio. O dia escandante e eu ali, sem nenhum golzinho, deveria ter ido à praia. E prestes a finalizar o primeiro tempo. Gooooooool é do Brasil. A arquibancada vibra, grita, chora, pula. Em campo os jogadores comemoram. Dante é o autor do golaço do Brasil. Os brasileiros presentes não se contém. E começa a canção: Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor. Eu não me contenho, eu grito, pulo, abraço. Não sou tão pé frio assim.

No intervalo do segundo tempo, os torcedores se recompõem. E no segundo tempo, haja coração. Sai mais um gol do Brasil, a Itália vem e sai do zero. O Brasil faz mais um. A Itália vem e faz outro. De repente, um penalti para a Itália. Vaias ecoam no estádio, desconcentrar o adversário é a meta. Ufa, ele erra. E faltando 4 minutos para finalizar o segundo tempo, sai mais um Gol do Brasil.

O saldo final é de 4x2. Brasil sendo classificado em primeiro lugar no Grupo A. Gols lindos, gols de imprevistos. O dia valendo a pena, o futebol brasileiro fazendo bonito. Até em breves segundos sendo celebridade, aparecer na telinha da Globo só pra quem pode. 

Ganhei o titulo de pé quente. Brasil vitorioso. Torcida presente satisfeitas. Quem viu na telinha também. Dizem que a primeira vez a gente nunca esquece: Eu jamais esquecerei esse jogo.


quinta-feira, 20 de junho de 2013

Manifestações



E quando a Presidente Dilma abriu oficialmente a Copa das Confederações, abriu também uma série de manifestações pelo Brasil. De norte à sul, nordeste à centro-oeste, seja pelo aumento da tarifa do ônibus ou pelo excesso de corrupção. É pela má administração, pela lavagem de dinheiro na construção dos estádios da copa.

Dilma foi recebida com vaias coletivas de um estádio  lotado com transmissão mundial. Tudo isso ficará na história, alias pertencerá a história do Brasil.

São brasileiros dando cara a tapa e mostrando que não são palhaços. Chega de sonegação, chega de impunidade para os colarinhos brancos, chega de descaso com a classe b,c e d. Manifestação em SP pacifica, com Av. Paulista lotada e Palacio dis Bandeirantes cercado. Destruição do patrimonio público no RJ. Congresso Nacional dominado. Praça 7 e Mineirão sendo palcos para demonstração de insatisfação. Salvador,Curitiba e Porto Alegre entrando na manifestação.

E eu concordo com as manifestações pacificas, chegou a hora de os governantes de nosso país terem conhecimento de que os cidadãos estão insatisfeitissimos com o rumo que o Brasil tem levado. 

Chega de criar malandros blindados. Chega de fecharmos olhos para os impostos que são criados do nada. Chega de reajustes abusivos. Chega de falcatruas escancaradas.

Enquanto escrevo, a manifestação de Brasilia, Rio de Janeiro e Salvador deixam de ser pacifistas e viram campo de guerra aberto e transmitido ao vivo por sensacionalistas. Tropa de elite entrando em ação.

Brasil mostrando sua cara.


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Discutível Perfeição


Passo na frente da banca de jornal, e o que mais tem é famosas estampadas em capas de revista, falando sobre a boa forma, a alimentação, a pele boa. Bate uma invejinha de ver aquele cabelo lindo, aquele rosto sem manchas, a barriga negativa e as pernas sem celulite. Mas é mera ilusão. É puro photoshop.

Um rosto sem manchas é possível, e o mais barato é com quilos de base, corretivo e pó. Celulites quase toda mulher tem. Cabelos lindos são possíveis também. Ser uma mulher feliz vai além de tudo isso. Se você está pensando em dietas mirabolantes, cirurgias mutiladoras, pare nesse exato momento. Pense e repense. Vale à pela?

É lógico que todo mundo que estar de bem com a balança, e caber naquele vestido. Mas vale tudo pelo biótipo igualitário? Vale a pena deixar de ir a praia só porque as celulites dominaram suas pernas? Vale a pena deixar de ir em um casamento só porque está com alguns quilos extras? Penso que cada coisa deve ser bem dosada. Não sou do clube que tem o corpo perfeito, mas também não me privo das maravilhas da vida para ser escrava da balança. Como o que quero, não ligo para minhas celulites e pratico atividades físicas. Minha barriga não é de nenhuma Gisele da vida, mas estou satisfeita com ela. Não quero chegar a essa discutível perfeição, do que a sociedade aceita e não aceita, do que é belo e do que é feio. Tudo é muito relativo. O biótipo é diferente.

Não penso nisso porque é inútil. Meu corpo é o que é, tem defeitinhos, as coisas boas, as coisas ótimas e eu não perco tempo com algo que não posso mudar, e nem me submeto a transformações loucas em busca da eliminação total de gorduras extras. Faço o que posso, na medida do meu limite. Não sei se mudaria e o que mudaria. Talvez pintaria o cabelo de azul, mas ainda está fora de cogitação.

Essa discutível perfeição será discutível perfeitamente. Enquanto houver distinção entre o belo, a imposição da mídia pela magreza absurda haverá milhares de mulheres rumo à morte em salas de cirurgias estéticas, na busca dos peitos da Pamela Anderson, a boca da Angelina Jolie, a barrida da Gisele Bündchen, a bunda Débora Nascimento.


Se aceite como é, ame-se acima de tudo. Mude apenas de forma saudável, e a única lamina a usar, seja a navalha para repicar seus cabelos.

domingo, 16 de junho de 2013

Vale à pena



Estamos vivendo uma fase que a palavra mais dita nas revistas, palestras, e ambiente de trabalho é: Workaholics. Mas o que são workaholics? Simplesmente são pessoas que se deixam absorver pelo ambiente de trabalho. Ou seja, um viciado em trabalho.

Eu estava chegando a um ponto que, dava tanta importância ao meu trabalho, que eu estava literalmente esquecendo-se de mim. Vestindo a camisa e não tirando pra lavar. Vivendo em função apenas de uma coisa e esquecendo todo o resto. Chegou uma hora que virei a mesa e disse chega.

A questão é simples: ser um viciado em trabalho, não diz que você seja eficiente. Sabe o por quê? Sua eficiência acaba exatamente quando o esgotamento físico e mental entra em ação, quando sua saúde vai pro ralo, e você se torna uma pessoa tão estressada que acaba mal se suportando.

Aquele momento em que nada está bom, o sentimento de fracasso invade todo o ser, e surge aquele questionamento sem fim sobre se a carreira é a certa, que o cargo que ocupa vale a pena, se precisa mesmo dar o sangue e a saúde por isso.

Toda empresa precisa de funcionários capacitados, eficazes e saudáveis. Funcionários que tenham vida social, vida pessoal e comprometimentos além dos profissionais.

Assim como é altamente lesivo ser viciado em drogas, ser viciado em trabalho também é. Só que é algo tão lesivo, que bombardeia a auto-estima e amor-próprio de qualquer ser. Mas por ser um comportamento ser um transtorno pouco conhecido, não há tratamentos  terapêuticos para prevenção.

Eu percebi a tempo que estava me viciando em algo que estava prejudicando minha saúde. Dores de cabeça, estômago, pontadas no peito. Sinal vermelho de que as coisas estavam saindo do trilho. Peraí tem alguma coisa errada.

Em vez de focar horas a fio esquentando a cadeira em busca de soluções que não surgem, opte pelo clássico: 8 horas de sono, 8 horas de trabalho e 8 horas de lazer. Com a mente arejada, as soluções aparecem de repente, não adianta forçar a barra.

Workaholics são lesivos paras as empresas, e ninguém quer prejudicar ninguém, não é mesmo?

Respire fundo e relaxe, abra mão desse vicio e vá viver um pouco melhor sua vida. Dedicando-se apenas o necessário, tudo dará certo. Sua saúde e bem-estar, sempre em primeiro lugar. Vale à pena acionar alguns botões.

sábado, 15 de junho de 2013

Um lugar na janela


Fã de Carteirinha de Martha Medeiros, há meses eu estava na ansiedade de saber se uma nova publicação, de um novo livro. Em visita a uma livraria, passeando entre as prateleiras, não localizo – outro livro que procurava. Em outra andança, meu namorado aponta e diz: “Você viu aquele livro ali?”. Congela. Imagine olhos brilhando, coração acelerado, tremor por todo o corpo. Descongela. Euforia pura. Marthinha minha querida, com um exemplar cheirosinho, bonitinho, todo se seduzindo para minha pessoa, desejando que eu o possua, o leia do inicio ao fim, do fim ao inicio.

Um lugar na janela é um livro que conta de forma objetiva as experiências das etapas nômades de Martha, de suas experiências de mochileira, de suas viagens de encantamentos, de tudo.

Martha é uma escritora estupenda. Tem o verdadeiro dom da palavra escrita: envolve ao leitor. Uma bruxa? Pode ser. Ela escreve com riqueza de detalhes, induz o leitor a mergulhar junto e viver cada experiência relatada.

Ela repete diversas vezes que viajar é pra quem é desbravador. Tem que viajar porque se gosta, porque se sente necessidade, vontade.

Eu faço parte do grupo dela: adoro viajar. Minha abstinência por colocar o pezinho em um avião não pode passar de seis meses – senão surto. Gosto do desconhecido, de quebrar as regras, não cumprir horários e aproveitar tudo no meu tempo – como uma boa turista. Adoro ter meu lugar na janela, para observar o novo, apreciar o belo, pensar no nada, fotografar tudo.


E minha ansiedade não permitiu que eu me alongasse na leitura do livro: o devorei com toda fome do mundo, digerindo tudo, da melhor forma possível. E assim, voltarei a reler. Livros bons é que nem viagens boas: a gente sempre faz uma força para voltar e viver tudo outra vez – por outro ângulo é claro!

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Dia dos Namorados


12 de junho. Dias dos namorados. As papelarias lotadas de garotas a procura de belos cartões. As lojas de doce repletas de garotos atrás de bombons. Dia da melhor roupa, o melhor perfume, o melhor humor.

Um dia para esquecer todos os desencontros, brigas, divergências e opiniões. Um dia para renovar votos de amor eterno, respeito, compreensão e amizade.

E ser namorada é saber entender que futebol tem um peso diferente, que passeio ao shopping pode ser curto, que ir ao cinema pode gerar longos debates, que o restaurante do fim de semana tem que ser de comum acordo, que as amigas causaram certos ciúmes do amado, que os amigos dele podem ser uns ogros, que ele ocupa a cama inteira e pode te derrubar sem cerimônias.

E ser namorado é ter uma paciência absurda na época da TPM, lembrar datas importantes como dia em que se conheceram, o que começaram a namorar, é ter jogo de cintura para aguentar a sogra, é ser tolerante com a demora do banho, delicado com os gestos.

Namorar é renunciar daqui, investir dali, fazer planos juntos, respeitar a individualidade, ter ciúmes do cachorro, passar um fim de semana inteiro na comilança, rir juntos de cada mico que acontece, das perolas ditas, é brigar e fazer as pazes depois de dez minutos.

E nesse dia dos namorados, que o respeito predomine nos relacionamentos, que as opiniões diferentes entrem em comum acordo, que a sintonia seja maior que a desarmonia.

Férias Compartilhadas


O fim de semana será apenas o inicio das férias. Férias de dez dias, poucos dias sim, mas já configuram férias, e este simples fato já me entusiasma.

Para nós, serão dez dias juntos, levando em conta que, nos vemos apenas em fins de semana. Dez dias acordando e dormindo juntos, tomando café da manhã, almoçando e jantando juntos.

Férias da casa distinta, onde a rotina de cada um é incompatível com a do outro. Troca de freqüência, agora é adaptação, a sintonia tem que estar páreo a páreo.

Férias do celular, ligações, mensagens, e-mail. Cara a cara, ao vivo. Caras e bocas, emburro e divergências de opinião.  O típico se vira nos 30 do Domingão do Faustão. Talvez, ficaremos emburrados por trinta minutos, ou mais. Férias juntos rola estresse. Normal.

Quando dois resolvem ser apenas um, saí faísca. É muita informação, gosto, mania, defeito, frescura, opinião, energia em um ambiente só. Choque térmico.

Entretanto, esse choque térmico é bom. Vai moldando, readaptando. Argilas sendo moldadas.

Uma renúncia daqui, outra dali. Elemento presente em todo e qualquer tipo de relacionamento, quando em doses bem dosadas, tudo flui bem, quando em desequilíbrio, desastre à frente.

Eu gosto mesmo de férias, qualquer tipo de férias, sempre que vou, volto reformulada e com aquele gostinho de quero mais. E o melhor de sair de férias, é ter com quem compartilhar as novas descobertas, mesmo que haja divergências.

Compartilhar – palavrinha que anda sendo bem usada, e tendo todo o significado nos últimos tempos em meu vocabulário.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Espaço Crescer



Crescer é uma tarefa árdua, requer certa disciplina, bom senso e força de vontade. Isso é crescer como pessoa. Mas ainda tem muitos fatores envolvidos. Uma criança não vê a hora de crescer, tornar-se adulto, dirigir, viajar, ter a própria casa, casar, ter filhos, e por aí vai. Mas o crescer ao qual dedico este texto é o crescer da maturidade, da conscientização.

Espaço Crescer é um espaço voltado para crianças e adolescentes carentes. Lá se aprende dança, meditação, arte, música, culinária, se aprende o útil. Lá há incentivo de evolução: ensina-se a pescar. Pequenos artistas que recebem dose de esperança e incentivo para conseguirem subir degraus fundamentais da vida.

Incentivo a viajar através da leitura, mergulhando em locais antes desconhecidos, desvendando mistérios. Se expressar através da pintura, colorindo a vida e dando um quê de alegria iluminando ambientes, almas, outra alternativa é através da música, seja ela tocada ou dançada – música liberta a alma, os males presos no corpo, satisfaz a energia do corpo, revigora a mente.

Nesse espaço, as crianças de fato crescem e aparecem. Dedicam-se para apresentações, superam as próprias limitações, traçam a própria história com base no incentivo que tem diariamente.

Lá tem apoio médico, psicológico, educativo, e criam-se laços afetivos que são selados com amor e compreensão.

Dê um espaço para você crescer, evoluir e transformar sua vida. Veja outras possibilidades de alcançar seus sonhos, tornar o imaginário em real. Dê uma chance a você. Trace metas, tire os planos do papel e se aventure rumo a uma maturidade saudável.

O lúdico que predomina nas crianças, deve ser levado para outras fases da vida. Acreditar em si mesmo, fazer o melhor que pode, não de abater com pequenos tropeços, não se abalar com a opinião destrutiva alheia, se teletransportar para seu lugar predileto na infância, na tentativa de encontrar soluções positivas para problemas que parecem impossíveis de resolução.

Haverá verdades que doerão somente quando carregadas de venenos e maldades. As verdades carregadas de orientação não doem, só impulsionam para que a evolução seja feita de forma certa e não torta.


Procure qualquer espaço crescer que possa te auxiliar e ser auxiliado, em reciprocidade mútua, mesmo que esse espaço esteja dentro de você.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Cicatrizes


Gosto do barulho da chuva, embora deteste trovões. É como se fosse uma meditação com uma pequena pitada de sonífero – me teletransporta para um momento sublime -, de plena imersão de pensamentos, sentimentos, de paz.

Na infância, dia chuvoso era sinônimo de desenho animado debaixo das cobertas e muito mingau de chocolate, além de ser dia internacional de matança de aula, dormir até tarde e aproveitar a ociosidade conquistada.

E falando em infância, acho lamentável esses pais politicamente incorretos que, vetam o consumo de chocolates e doces de seus filhos, assim como, corridas pelo parque, bolos de brigadeiro feitos de barro – Meu Deus! Eu adorava fazer bolos e brigadeiros de barro.

Eu conquistei os melhores tesouros em minha infância: Cicatrizes. Tenho em diversas partes do corpo, e lembro da conquista de cada uma delas: Eu estava me divertindo.

As crianças têm que parar de querer ser gente grande e ligar unicamente para a estética. Menininhas sujem as unhas de barro, areia, unhas pintadas devem ser apenas as de suas mamães. Menininhos peguem suas bicicletas e andem pelas ruas, se caírem e se machucarem, faz parte da brincadeira, saia de frente dos videogames e parem de se tornar zumbis rabugentos. Vão adquirir essas tatuagens, que não precisam de autorização dos pais.

Chega de tatuagens gravadas com nomes de ex namorado, ou de mil lipos realizadas em busca do corpo perfeito. Cicatrizes são histórias, histórias de imprevistos, mas histórias fundamentais que compõem a nossa própria história.


Quem nunca teve um joelho ralado, um roxo na canela, um braço ou pé quebrado, um esfolado do cotovelo e um beijo pra sarar, certamente tem vivido muito mal a própria vida.

Perdendo


O significado de perder é deixar de possuir, de ter, de gozar, de presenciar, de ver e de ouvir. Eu não sei lidar bem com perdas, mas estou melhorando pouco a pouco. Sempre quando perco o trecho da música que gosto, reinicio a música, se eu perco a melhor cena de um filme, paro e volto. Mas essas “perdas” dão pra contornar, remediar, reaproveitar, recuperar. Não é algo que se dá por perdido. O que dói é perder pessoas queridas, isso não tem como recuperar.

Perdi duas primas na casa dos vinte e poucos anos. Uma eu conheci, era mais nova que eu; e a outra não cheguei a conhecer. Quando recebi a noticia, deu um baque. Podia ter sido eu. Depois veio a revolta. Eu vivia a lamentar que outras pessoas que deveriam ter ido, mas elas não. Eram novas, tinham uma vida pela frente, filhos, viagens, trabalho, tudo! Uma morreu lutando pela vida, a outra na busca pela perfeição corporal.

Eu não sou muito de perguntar a idade das pessoas, e até evito. Quando a pessoa vai envelhecendo, começa a apertar o coração, porque sabemos que, a qualquer hora ela irá partir, e não conseguiremos evitar, não é simplesmente como voltar uma música no inicio, é diferente.

Dói perder uma mãe, um pai, um irmão, uma prima, uma amiga, um animal de estimação. Dói não poder chorar, sofrer e reverter à situação. Lógico que, como seres humanos, tentaremos de todas as formas possíveis retardar a situação. A ciência tem trabalhado fortemente nisso, as pessoas tem sido cautelosas em alguns pontos. Mas há ainda, muita imprudência solta pelos quatro ventos.

E perder forma um vazio imenso dentro de quem perde. Um vazio que jamais será preenchido e confortado. Será apenas tratado. Mas sempre será um vazio que carregaremos para onde formos.


A gente vai ficando mais velha, as pessoas vão morrendo e vamos compreendendo tudo de outra forma. Por incrível que pareça, vai aliviando a incompreensão, porque você passa a entender isso como parte do ciclo da vida.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Perdendo as estribeiras



Tem semanas que são mais que tensas, são treze! Parece que, tudo se encaixa naquela semana. Provas, excesso de trabalho, cachorro doente, família cobrando, contas a vencer, e por aí vai.

E por mais que, nos desdobremos em mil, utilizemos às 24 horas minuciosamente, não dá. Não dá tempo, não dá paciência. Só dá estresse.

A solução? Socoterapia, gritoterapia ou choroterapia. Um desses, de imediato, deve funcionar.

Não adianta virmos com essa visão desde o princípio de que devemos abraçar o mundo com toda ousadia que há dentro de nós. Enfrentarmos os medos com astúcia e coragem. Não adianta, às vezes, a melhor solução é se descabelar, chorar como uma criança, gritar como um desesperado, ou seja, perder as estribeiras.

Ninguém tem 100% controle da sua própria vida, e muito menos da vida alheia. Ninguém acerta sempre, nem sabe de tudo, nem é o dono da razão. Precisamos perder o controle para nos conscientizarmos que somos humanos e não conseguimos ter as rédeas firmes de nossas vidas por todo o percurso.

Sempre vai ter um desvio no caminho. Enrascadas, problemas, falta de tempo, e tudo! E também vai ter despedidas, reencontros e perdas. Faz parte do roteiro.

Por mais que uma semana tenha sido péssima de dar dó, teve outra que foi maravilhosa de dar aquela saudade insuportável.

Dizem que, quando as coisas não fluem bem, devemos pensar positivo e tentar reverter a situação. Concordo em parte. Pois devemos de vez em quando jogar tudo pro alto e nos rebelar. Rever toda nossa trajetória e mudar os planos. Há algo de errado.

Somos compostos por mudanças climáticas em nosso interior. Compostos de opiniões que se modificam conforme nossa experiência de vida. Hoje, detesto rosa, mas amanhã posso ter uma filha e só vesti-la em homenagem a Penélope Charmosa. Hoje eu adoro churrasco, amanhã posso virar uma vegetariana e cultivar a vaca como o ser mais sagrado de todo universo.

Semanas ruins vem e vão, constantemente. Assim como pessoas chatas e legais. Viagens boas e ruins. Comidas gostosas e detestáveis, e assim por diante.

Viver solucionando problemas é sinal que tudo esta caminhando até que bem na sua vida. Mostra que você ainda tem capacidade de raciocinar e solucionar muita coisa. Mudar de opinião, atitude e até de cidade. Mostra acima de tudo, que você pode surtar por muita ou pouca coisa, perdendo as estribeiras e reivindicar todas as coisas que você crê que esteja errada, basta que você saia do trilho um milésimo, e se reencontre diferente.


segunda-feira, 10 de junho de 2013

Chuva


A chuva é igualmente bela como o sol, o céu estrelado e as ondas do mar. Igualmente bela às florestas, a urbanidade e ao nada.
É necessário estar sob a mesma sintonia para enxergar a beleza como ela é. O ângulo também tem certa influência.

Precisamos ter a consciência e escolher os melhores lugares na nossa vida, assim como procuramos os melhores assentos numa sala de cinema. Precisamos dar valor a cada acontecimento, seja ele bom ou ruim, e aprender com isso.

A vida nem sempre é tons de cinza, e até no cinza há certa beleza. Pare e analise.

É necessário enxergar a beleza até na escuridão de nossos pensamentos e desejos. Ninguém nunca conseguiu chegar ao auge da felicidade sem ter enfrentado alguns demônios pelo caminho.

A chuva, o sol, o céu, as estrelas, o mar, a mata, a vida, o ser, tudo é belo. Basta colocar ou tirar lentes, abrir ou fechar os olhos. Só depende de como você vê.


O músico




O nó na garganta apertou quando escutei o indiano tocando sua música no violão. Não havia palavras na música, apenas notas e mais notas, e sentimentos misturados. Notas em tons menores. Sentimentos em tons maiores.

Uma vontade de chorar que surgiu do nada, e ficou com absolutamente tudo: meus sentimentos, pensamentos, vontades, sonhos.

Choro engolido com doses de chá, lágrimas que não rolaram por orgulho de demonstrar fraqueza, olhos encharcados disfarçados com bocejos.

O momento permitia tal evasão,  ambiente meia luz, o silêncio quebrado apenas pelas cordas do violão que se transformavam em uma linda melodia, e se duvidar, as lágrimas não seriam descobertas por infringir a lei dos corações de pedra.


Mas enfim, lágrimas não rolaram, a libertação não aconteceu, eu fugi das notas do músico para o silêncio da minha decisão.

sábado, 8 de junho de 2013

Tia Vera


Disse uma vez, uma sábia pessoa que desconheço que, família não é cota sanguínea, e sim um pouco mais de sintonia. Concordo.

Tia Vera era aquela tia de criação que valia mais que todas as tias que tenho por parte de pai e parte de mãe. Tia Vera fez as bonequinhas do meu aniversário de 4 anos, e lembro com total perfeição dela fazendo os docinhos e dizendo: “Bruninha minha linda, não coma, são pra sua festinha”.

Tia Vera quando não vinha a alguma festinha de aniversário, ligava. Isso valia mais que qualquer presente. Ela era a tia mais bacana que já tive, a mais presente, e a mais companheira de todas.

Não estou desmerecendo nenhuma tia, mas a Tia Vera, sempre foi a minha predileta. Não sei se era pelo carinho que ela tinha ao falar, ou pelos gestos que sempre foram delicados, ou pelo abraço que sempre foi sincero e aconchegante.

Nunca a vi brava, séria ou triste. Sempre tinha aquele sorriso no rosto que não sai da minha memória.

Com o tempo ela foi se afastando, as visitas se tornaram raras, telefonemas também, no máximo era uma mensagem por celular. Eu entendia a dor dela, se eu estivesse em seu lugar, acredito que também agiria assim.

Pequei por não ter ido até qualquer cidade de Minas para vê-la. Não deveria ter aceitado a imposição de não querer ver ninguém. Quando eu não queria ver ninguém e me enfiava debaixo da cama, ela vinha e me tirava de lá, dava aquele sorriso e dizia que ficaria ali comigo. Que tolice a minha não ter feito o mesmo.

O tempo passou, as coisas pioraram um pouco, mas ela continuou naquela positividade invejável que eu tanto admirei e invejei. Eu correndo de cá, ela se tratando de lá, e eu continue apenas nas mensagens de texto. Burrice. Reconheço.

Tia Vera, me perdoe por ter deixado aquela menina de lado e ter virada essa adulta chata que se entope de trabalho, esquecendo de dar um pouquinho de atenção pra quem tanto desperdiçou (ou aproveitou) do tempo ao meu lado.

Obrigada pelos melhores bolinhos pingados que eu já comi em minha vida; por fazer com a maior delicadeza as bonequinhas dos meus aniversários; pelos presentes, pelos beijinhos, pelos passeios de mãos dadas, pelo sorriso sempre estampado no rosto, pelo abraço aconchegante, por ser a melhor tia que uma criança poderia ter.

Parabéns por ser uma guerreira invejável, uma mulher de fibra, de sonhos, de personalidade, de amor, de companheirismo. Parabéns por ser um exemplo que eu tento seguir, por ter lutado contra isso até o último minuto, e não ter desistido de mim, de nós, de você todo esse tempo.

Durma bem, acorde tranquila que toda essa dor já passou. Toda essa jornada, aqui na terra, por enquanto, acabou.

Aproveite a tranqüilidade conquistada, e sorria bastante para todos os novos amigos que terá, e para os velhos amigos que reencontrará!

Sentirei saudades, e espero reencontrá-la em breve, nos sonhos, ou seja lá a hora que for!


Com carinho, da sua Bruninha.

Qualidades e Defeitos


Há um conto indiano que fala sobre uma árvore extraordinária que se encontrava em um matagal seco. Diziam que a árvore era mais velha que a Terra. Essa árvore dava frutos maravilhosos, e esses frutos faziam dois galhos enormes envergarem – um para cada lado. Um dos galhos dava frutos envenenados, o outro não. E todos os habitantes que viviam na aldeia próxima à árvore, por não saberem qual dos galhos davam frutos envenenados, não usufruíam desses frutos.

Surge então uma época de fome, onde os pomares foram devastados e colheitas queimadas. E a velha árvore, continuou firme, forte e glamorosa com seus frutos. Então os habitantes da aldeia precisam escolher entre morrer de fome ou arriscar a vida e comer os frutos para viverem. Um ancião tomou a iniciativa e pegou o primeiro fruto e comeu, depois disso outro e mais outro. Logo, os outros correram para se alimentar. O fruto era perfeito! Saciava tanto a fome, quanto a sede.

Passaram-se semanas, o povo estava feliz pelo novo alimento, que se multiplicava, e resolveram, numa noite, cortar o galo envenenado. Pra que correr riscos?

Para surpresa de todos, na manhã seguinte, os extraordinários frutos estava apodrecendo no chão, e a árvore, a bela árvore, tão velha quanto a terra, estava morta.

Nem sempre o mal está de um lado e o bem de outro. O bem se nutre do mal, e vice-versa. Muitas vezes, na ânsia de podar o mal, e viver em plena felicidade, acabamos desestabilizando as bases, e colocando em perigo tudo o que foi erguido.

A economia é uma forma de avareza. A tolerância uma forma de covardia. Nossos defeitos estão diretamente interligados com nossas qualidades. Não existe o que é certo e errado, tudo depende do ponto de vista. O que é certo pra mim, pode ser indiscutivelmente errado para você.

Tomamos atitudes achando que serão benéficas e elas se transformam em verdadeiros pesadelos. Omitimos nossas vontades, e tudo se resolve. Devemos aprender a respeitar tanto nossas qualidades e defeitos, para depois sabermos lidar com as qualidades e defeitos do próximo.

Todo mundo tem qualidades espetaculares e defeitos obscuros, e isso se torna essencial até mesmo para o equilíbrio natural do ser humano.


Até para podarmos nossos defeitos, precisamos ter uma cautela enorme, pois eles podem ser à base de tudo o que somos.