Alternativa

Meus melhores pensamentos aparecem justamente quando o sono surge. Simplesmente na hora que a preguiça me impede de levantar, acender a luz, sair de debaixo das cobertas quentinhas a procura de lápis, papel e óculos.  Enquanto isso, os pensamentos correm soltos, serelepes, criativos e velozes.

E a preguiça? Fica lá, contra argumentando, atiçando o cérebro a parar de pensar, alegando que amanhã tudo será lembrado nos mínimos detalhes, cada frase, cada ideia, e cada moral relevante da historia a ser contada. Nem em sono eu lembraria de todas aquelas palavras instantâneas, que me visitam inesperadamente, com pressa de passar toda a informação. Um mero engano da preguiça, sei bem que, no dia seguinte não restará sequer vestígios de um bom texto que quase surgiu, mas que fora sabotado descaradamente pela preguiça do movimento, pela falta de coragem de levantar da cama quentinha para um momento eureca.

O anjo do sono surgindo na hora errada, e faltando ao trabalho quando deve bater o ponto na hora certa.

Esse texto? Foi escrito no celular, como mensagem de texto. Letrinhas minúsculas, teclas luminosas que salvam almas preguiçosas do mundo demasiadamente quente que lhes aguarda. Hoje consegui um habeas corpus, mas já pequei inúmeras vezes pela preguiça de levantar e não colocar no papel as idéias estupendas que surgiam numa mistura confusa com o sono.

Certo que, foi uma prática desesperada onde não quis privar o prazer de sair da minha cama acolhedora, assim como, não quis privar minha mente de me fornecer relatórios sobre minhas percepções das experiências do dia vivido, que pode servir como exemplo, inspiração, puxão de orelha, seja lá o que for.

Bem, pelo menos hoje, dormirei com a mente tranquila, sabendo que nenhuma palavra foi esquecida e muito menos abandonada. Embora, por precaução, eu tenha deixado um bloco de anotações com um lápis, bem ao lado da cama, para caso alguma inspiração apareça de repente. 

Um salve a tecnologia que irrita, mas salva minha pele quando menos espero.