quinta-feira, 23 de maio de 2013

Todo mundo financia



Um dia desses, na rodoviária esperando o ônibus para ir para a pós em São Paulo, uma moça, bem jovem mesmo, se duvidar, tinha a mesma idade do que eu, me pediu um real, com aquele vocabulário simplório. Eu disse que não tinha, e realmente, eu não tinha. Perguntei se ela queria bolacha (eu tinha um pacote de bolacha na bolsa), ela disse que não, que ela queria um real.

Falei que não tinha, ela me encarou com certa raiva e saiu. Não senti culpa, se ela quisesse comer algo, daria meu pacote de bolachas com a maior boa vontade, o dinheiro, eu não tinha.

Uma senhora virou e me disse: “Certa você, não deve financiar o crime”. Parei. Pensei. Repensei. "Que papo é esse de financiar crime minha senhora?" Não respondi, não valia a pena expor o que eu achava na frase inconveniente dela. Mas ficou na garganta.

Hipocrisia. Isso é o que eu acho de quem fica dando lição de moral, falando que não dá dinheiro pra pedinte, pois não financia crime. Certeza que você não financia o crime?

Você financia sim senhor. E nada de fazer essa cara de interrogação, incrédulo, de quem não está entendendo nada. Você  financia o pior tipo de crime que existe e nem fala nada! Você financia o crime organizado. Você paga impostos calorosos para empresários do crime: Nossos governantes. Você paga imposto em tudo, na sua alimentação, na sua vestimenta, na sua locomoção, no seu lazer, em tudo, tudo, tudo. Você é um dos maiores patrocinadores do crime organizado em nosso país.

Um país, aos olhos do presidente da França, de malandro. Pior que ele tem razão. Nossos próprios governantes nos passam a perna. Cobra, em alguns estados, R$3,00 o litro da gasolina, e para o exterior, você chega a comprar por R$ 1,50. Vende-te um carro de luxo por R$ 70.000,00, e, no exterior, você compraria no máximo por R$ 35.000.00.

O que você paga? Imposto! Até para guardar seu misero salário você paga imposto.

E você não dá um real no farol, pois não vai financiar o crime. Ah tá, é uma piada, né? Não dou dinheiro, nem pela questão de “não financiar o crime” ou até mesmo, pela “a ociosidade alheia”, não dou porque aquela jovem pode estar sendo usada pelos pais para arrecadar dinheiro para sustentar a família. Prefiro acreditar que ela esteja com fome, e contribuir de uma forma melhor.

Só não acalenta escutar pessoas que vivem votando em políticos errados, se omitindo diante de tantos impostos absurdos e obras desnecessárias que nossos políticos inventam para desviar o dinheiro público, o nosso dinheiro, que deveria ser investido em educação, saúde, segurança.

Pois é meu caro, financiamos DIRETAMENTE para o crime mais organizado de todos os tempos, caras de terno e gravata gritando honestidade e prometendo melhorias, mais saindo com o nosso dinheiro na cueca.

Talvez esteja na hora de pararmos de criticar as pessoas que não merecem tantas criticas assim. Deveríamos olhar com a mesma severidade que olhamos para um pedinte, para um político em época de eleição que vem com toda a simpatia e promessas possíveis e plausíveis de Oscar, pedir seu voto.

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