Na reta final do último ano que
terei 24 anos e naquele clima de nostalgia de festas anteriores, me bateu um
vazio imenso quando resgatei bem lá do fundo da minha memória, algo que me
tornava imensamente feliz, naquela data que era o estopim de alegria. Abre
parênteses. Não farei festa, não comemorarei isso, nem qualquer coisa do tipo,
é apenas um desabafo. Fecha parênteses. Ele simplesmente sumiu das minhas
festas e de todas as festas que compareci por todos esses últimos anos, talvez
tenha sido sequestrado: o bolo gelado.
O
bolo gelado que causava delírio na garotada, era muito mais esperado que o
próprio bolo de aniversário. Ficava no fundo da geladeira, todo embrulhadinho
de papel alumínio, a espera de ser consumido por todos aqueles pestinhas
esfomeados, que depois de muita corrida, brincadeira e comilança, ainda tinham
apetite de sobra para aproveitar o melhor da festa. Só de lembrar, me dá água
na boca!
E juntamente com o bolo gelado,
sumiu das festas o pão com carne maluca, os cajuzinhos, brigadeiro e beijinhos
enrolados, a tubaína em garrafa de vidro. E tudo isso deu vazão as coca colas
plastificados, brigadeiros e beijinhos de copo, as frituras. As brincadeiras
pela vizinhança foram trocadas por piscinas de bolinhas e fliperamas sob os
olhos desatentos de monitoras.
Aniversário
é sinônimo de pura diversão e muita comilança. E aquela bexiga imensa repleta
de balas dentro? Chapéus a postos que a alegria já vai comer, juntamente com um
banho de farinha, pra diversão ser bem mais intensa.
Docinhos
surrupiados na escuridão dos parabéns. Disputa por línguas de sogra,
chapeuzinhos e um lugar ao lado do aniversariante, para sair bonito nas fotos.
Nessas
festas futuristas, chiques de vazias de verdadeira diversão. É o palhaço que
assunta as crianças, o mágico que não tem paciência, as monitoras que não
estimulam as crianças a brincar de verdade, e a comida que mais é feijão com
arroz, do que as gostosuras que esperamos numa festa de verdade.
E
quando as pessoas vêm me perguntar o que eu quero de presente de aniversário,
eu digo: Bolo gelado. Talvez isso seja apenas um grito desesperador para que
paguem o resgate e tragam o bolo gelado de volta para nossas geladeiras.
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