terça-feira, 14 de maio de 2013

Bolo gelado



Na reta final do último ano que terei 24 anos e naquele clima de nostalgia de festas anteriores, me bateu um vazio imenso quando resgatei bem lá do fundo da minha memória, algo que me tornava imensamente feliz, naquela data que era o estopim de alegria. Abre parênteses. Não farei festa, não comemorarei isso, nem qualquer coisa do tipo, é apenas um desabafo. Fecha parênteses. Ele simplesmente sumiu das minhas festas e de todas as festas que compareci por todos esses últimos anos, talvez tenha sido sequestrado: o bolo gelado.

O bolo gelado que causava delírio na garotada, era muito mais esperado que o próprio bolo de aniversário. Ficava no fundo da geladeira, todo embrulhadinho de papel alumínio, a espera de ser consumido por todos aqueles pestinhas esfomeados, que depois de muita corrida, brincadeira e comilança, ainda tinham apetite de sobra para aproveitar o melhor da festa. Só de lembrar, me dá água na boca!

E juntamente com o bolo gelado, sumiu das festas o pão com carne maluca, os cajuzinhos, brigadeiro e beijinhos enrolados, a tubaína em garrafa de vidro. E tudo isso deu vazão as coca colas plastificados, brigadeiros e beijinhos de copo, as frituras. As brincadeiras pela vizinhança foram trocadas por piscinas de bolinhas e fliperamas sob os olhos desatentos de monitoras.

Aniversário é sinônimo de pura diversão e muita comilança. E aquela bexiga imensa repleta de balas dentro? Chapéus a postos que a alegria já vai comer, juntamente com um banho de farinha, pra diversão ser bem mais intensa.

Docinhos surrupiados na escuridão dos parabéns. Disputa por línguas de sogra, chapeuzinhos e um lugar ao lado do aniversariante, para sair bonito nas fotos.

Nessas festas futuristas, chiques de vazias de verdadeira diversão. É o palhaço que assunta as crianças, o mágico que não tem paciência, as monitoras que não estimulam as crianças a brincar de verdade, e a comida que mais é feijão com arroz, do que as gostosuras que esperamos numa festa de verdade.

E quando as pessoas vêm me perguntar o que eu quero de presente de aniversário, eu digo: Bolo gelado. Talvez isso seja apenas um grito desesperador para que paguem o resgate e tragam o bolo gelado de volta para nossas geladeiras.

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