terça-feira, 2 de julho de 2013

Vírgula, reticência e ponto final


A gente cresce, deixa de gostar de rosa e opta pelo preto. Paramos de implicar com os amiguinhos e começamos a vê-lo com outros olhos. Não queremos mais calça de moletom com camiseta. Queremos blusinhas justas, com calças jeans e uma sandália bonitinha e charmosa.

Descobrimos o batom, o rimel, o blush. Queremos muitas roupas, muitos olhares, muitos suspiros. Queremos descobrir cada função de cada órgão. Queremos sempre mais.

Aquela menininha descolada e bon vivant virou uma Barbie ambulante. Esquecendo de quanto é maravilhoso lamber o potinho de Danone, a panela de brigadeiro, ou a bacia da batedeira que acabara de fazer um bolo.

Ela vive atrás daquele cara que ela acredita ser o homem da sua vida, enfrenta tudo e todos por aquela paixãozinha passageira e esquece que atrás da carcaça de mulherzinha quase formada, a criança ainda predomina intensamente.

Ela reinicia a vida, cria maturidade, conhece outros caras, mais legais e outros piores do que aquele. Ela ouve mais a amigas, mas acaba metendo os pés pelas mãos sempre – cada vez que uma nova paixão pira a sua cabeça.

O tempo passa, tudo mudou, certos sentimentos deixam de ser o centro da atenção e passam a ser substituídos por outros – mais maduros e saudáveis.

Tudo muda: as opiniões, os sentimentos, as necessidades. E ainda bem que muda. E o ponto final que estava sendo adiado por vírgulas e reticências, finalmente chegou e colocou um fim naquela historia sem pé nem cabeça.

Ela seguiu deixando-o com um sorriso perfeito, ele dedicou-se a publicidade. E se tornaram dois estranhos por completo, esquecendo certas euforias da adolescência, deixando entrar em suas vidas, pessoas que mais se adequam a sua personalidade.

E o fato de ambos terem saudades de uma época que já passou, ambos não tem vontade alguma de viver tudo aquilo de novo. Etapas não devem ser refeitas e sim lembradas. Contadas às gargalhadas entre amigos queridos, para orientar filhos que entram na adolescência na mesma velocidade da luz.

Mas lá no fundinho, o ponto final virou uma bela historia para ser relembrada por ambos, e não através de tinta, papel, teatro ou filme, mas através de memórias – que tornaram o refúgio para a nostalgia do passado que eles tanto se divertiram – e aprenderam.

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