quarta-feira, 3 de julho de 2013

Transformar


Tem coisas que já fiz que não faria novamente. Umas por precaução, outras por medo, e outras tantas por maturidade. Não que eu me arrependa de nada que eu tenha feito lá no passado, mas quando somos jovens, nossos sonhos mirabolantes nos fazem não ter olhos para os perigos eminentes, isso de certa forma é bom, precaução demais nos faz perder muitas coisas boas, como ver um por do sol na beira do mar, por mais que se corra o risco de ser roubado.

Quando somos jovens temos coragem de sobra e dinheiro em falta. Queremos desvendar o mundo, mas falta patrocínio. E quando temos estabilidade financeira para isso, a zona de conforto não deixa, e a coragem já mudou a direção.

Eu já coloquei uma jibóia em volta do meu pescoço, um ato de coragem. Confesso, foi orgulho ferido mesmo, se um guri de apenas 5 anos de idade pintava e bordava com a dita cuja, porque eu, com meus 20 e poucos anos não? Parecia fácil, mas não foi, o primeiro movimento que senti dela por meus ombros a vontade foi de sair correndo gritando e jogá-la longe. Se eu não tivesse fotografado, juraria que apenas tinha sido um fruto na minha imaginação fértil. Eu tenho a prova na parede do meu quarto, mais ainda me pergunto se fiz aquilo.

Meu sonho de adolescência era voar de asa delta. Aos 18 anos sonho realizado e joelhos ralados graças uma tempestade imprevisível de verão. Foi à melhor sensação do mundo, mas hoje não sei se faria de novo, não pelos joelhos, e sim pelo coração.

A gente cresce e vai ficando medroso. A roda gigante não é tão mais emocionante, as montanhas russas viram monstros rápidos, andar de bicicleta fica perigoso demais.

Não tenho medo de escuro se for em casa, embarco no avião como o mesmo entusiasmo que voei pela primeira vez de asa delta, mas isso são coisas pequenas. Mas não vi tive coragem de pegar o bondinho do Pão de Açúcar e chegar ao cume mais alto, preferi uma trilha simples e mais segura.

O que eu não faria mesmo é magoar as pessoas com atitudes infantis, e não tentaria ser amiga de todo mundo, como fiz antes, poderia até pular de pára-quedas, mas ainda tentaria negociar a altura. Acho que andaria de bondinho, para ver belas paisagens de pontos que meus pés não conseguiriam me levar, mas também tentaria negociar outra alternativa – uma escalada, por exemplo.

Mas minha vida, sua vida, a vida de cada pessoa é assim: alguns arrependimentos passados que servem como lições no hoje, cada atitude tomada equivale à formação de nosso caráter. Errar, todo mundo erra. Magoar, todo mundo magoa. Ter medo, todo mundo tem um. Cada um aprende com os próprios erros, e também com os erros alheios. Ninguém segue todo conselho que recebe. Cada um tem uma forma de pensar, e mudar de opinião não é crime algum, é até bom, mostra o quanto estamos abertos para novas possibilidades.

Coloque na ponta do lápis todos os prós e contras. Coloque na cabeça que tudo aqui é relativamente passageiro, e por ser passageiro, não quer dizer que podemos fazer absolutamente tudo o que nos dá na telha, não levando em consideração sentimentos, leis, respeito. O simples fato de termos três etapas em nossa vida, nos mostra que, cada etapa equivale a uma forma diferente de pensar.

Se hoje você ainda faz certas coisas que fazia na infância, e isso for relativamente bom pra você e não prejudique ninguém, ótimo. Mas se você mudou a cada etapa, mostra que evoluiu.

A coragem muda de acordo com os valores adquiridos. O medo, conforme nossas experiências. Os sonhos, conforme nossa motivação. E a vida, conforme nossas escolhas.

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