quarta-feira, 26 de junho de 2013

Gentil


E todo dia de manhã, lá está ele com seu uniforme branco intacto aguardando o próximo cliente. No estacionamento seu fusca brilhante e conservadissímo o aguarda para um passeio que acontecerá logo menos.

Só na Rua José Alvim, está estabelecido a cerca de seis décadas, fazendo adequadamente o seu trabalho. Um dos raros barbeiros ainda ativos na cidade – muito bem cotado, alias.

Assistiu de camarote o centro se revitalizar. Presenciou o surgimento e a queda da ditadura, assistiu de camarote toda a transformação automobilística. 

E todo dia quando passo em frente a sua barbearia, ele abre o sorriso e solta: “Bom dia moça bonita!”, e eu prontamente respondo: “Bom dia Senhor Gentil”. E assim, ele cumprimenta todos que por ali passam, acrescentando seu dia com prosas diversas, com pessoas diversas.

Uma gentileza em pessoa. Eu o admiro por tal qualidade que o próprio carrega no nome. O admiro pela perfeição e dedicação que realiza o seu oficio, anos a fio, década após década.

Gentileza é uma qualidade absurdamente rara nos tempos modernos. Mas o Senhor Gentil, sabe como ser gentil.

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