Sabe aquele medinho que carregamos bem lá
no íntimo, que quase nunca compartilhamos tipo, um segredo secretíssimo? Pois
é, eu também tenho um desses medinhos. Eu tenho um medo terrível do “pra
sempre”. Finais de filme com “viveram felizes para sempre” sempre me causou
certa confusão. Como assim ser feliz pra sempre? Me explique melhor, por favor.
Assim como eu acho impossível ser feliz pra
sempre, triste pra sempre, mal humorado pra sempre, inconveniente pra sempre,
pra sempre, sempre. O sempre, sempre acaba. Isso é fato. Nossa vida é composta
de episódios, assim como um seriado, tem dias que tudo de melhor acontece, o
universo inteiro conspira para que tudo que você quer aconteça do jeitinho que
programou. Mas têm outros dias que tudo que é possível de dar errado, dentro da
bendita “24 horas” acontece, um pneu fura, um relatório é perdido, uma
indireta, um desentendimento, um furto, e assim por diante.
Esperar pelo pra sempre, é perder uma
eternidade buscando uma utopia que não existe. Não adianta nada ficar a
procura, perguntando se já está chegando. Cadê? Onde está? Você não vai
achá-lo.
O pra sempre é mais interno do que
externo. O pra sempre material, de casamento até que a morte os separe, com
filhos lindos e educados, marido fiel e trabalhador, esposa zelosa e que vive
em pró do lar e da família já era. Isso é conto de fadas, roteiro de cinema que
não é campeão de bilheteria.
O pra sempre pode ser focado de outras
maneiras, como no hoje, no momento presente, o agora, o já! É cada tijolinho
assentado com cimento, que vai unindo duas coisas completamente distintas, que
antes nem sequer sabiam da existência da outra. Uma casa é construída dia após
dia, um relacionamento também.
O pra sempre é muito mais de nós mesmos do
que dos outros. Não há fórmula secreta. Não há mágica, muito menos
encantamento.
Eu por exemplo, tenho medo de ser feliz
pra sempre. Porque, na minha humilde opinião, seria tedioso não viver certos
contratempos. Seria como viver na
primavera eternamente, não aproveitando o calor do verão, as folhas marrons no
chão graças ao outono, e o vento gélido do inverno.
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