quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O princípio do vazio


Li uma matéria da revista Vida Simples, edição de agosto, sobre o que leva as pessoas a se viciarem em drogas, álcool, comida, gastança. Psicanalistas renomados dizem que é pelo vazio que sentem, e como o desespero é intenso, a forma mais rápida de preencher esse vazio - que sufoca, infelicita, corroí - é se jogando de cabeça nas compras, na comida, no consumo de drogas ou do álcool. Segundo eles, é uma forma de instantânea de preenchimento, mas é como se fosse uma bexiga que não é bem amarrada, logo o vazio volta, com muito mais intensidade, fazendo com que o dependente venha a consumir mais e mais, na busca infinita de tapar o rombo que há dentro de si.

Esse sentimento de vazio surge de muitos fatores, e não necessariamente de um. Pode ser rejeição ou abuso na infância; bullying por causa do peso, do nome - ou sobrenome -, da raça, da dificuldade no aprendizado; dificuldades financeiras, falta de alimento. São inúmeros os motivos que levam as pessoas a aderir vícios para suprir a falta de sei lá o que sentem. A forma mais correta e segura de tapar esse buraco seria procurar ajuda de um especialista, para dissecar toda a história de vida, encontrar a causa do problema, e trabalhar na solução do mesmo. Mas não é o que ocorre.

A crítica, a cobrança, a perseguição com a pessoa que tem algum tipo de dependência, não é a melhor alternativa para ajudá-la a superar e extinguir o vicio. Críticas acentuam drasticamente a situação. Vigiar constantemente é acurralar e forçar a pessoa a tentar uma fuga maior ainda. Pra quem é viciado em compras, uma discussão acarretará em mais sacolas e muito mais roupas, sapatos, acessórios, e isso e aquilo. Pra quem usa drogas, a pessoa irá consumir para esquecer todas as palavras ásperas, toda a frustração - o mesmo vale para consumidores de álcool. Pra quem é dependente de comida, a geladeira será assaltada na calada da noite. 

Mas aonde quero chegar? Quero chegar ao ponto de que, temos que aprender a entender mais o lado do dependente em vez de julgá-lo sem saber, e acima de tudo, devemos ajudá-lo a resgatar o amor próprio, auxiliando-o no encontro com o si próprio.




Não é fácil viver em um círculo onde criticas são constantes, acusações mutiladoras, e apoio zero. Todo mundo precisa de um ombro amigo, uma mão para contar. Cada um tem o livre arbítrio de escolher o caminho que bem entender, não estamos aqui pra julgar o que é certo ou errado, pois cada um tem suas próprias verdades e mentiras.

Se existe algo vazio aí dentro de você, que tem incomodado bastante, e os preenchimentos que você anda fazendo tem mais lesado do que beneficiado, talvez seja hora de você procurar ajuda e compartilhar o problema. Duas cabeças trabalham melhor que uma. Preencha seus vazios com coisas duradouras e que realmente te satisfaça, e não com coisas instantâneas que só aumentam o arrombo. 

Conte com sua família, seus amigos verdadeiros, e com um bom profissional. Conte com você, acredite na sua superação, e vá a luta. A cura nasce de dentro pra fora. Tire todo o lixo interno, mande para algum aterro. Plante flores em seu jardim. O princípio do vazio, começa com vazio, mas não precisa permanecer nesse estágio para sempre. A ideia e preencher, mas só com coisas boas e saudáveis.

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