quinta-feira, 21 de março de 2013

Tristeza não se põe na mesa



A tristeza faz algumas pessoas cortarem os cabelos, e pintarem de ruivo, loiro ou preto. Faz pessoas ganharem ou perderem peso – de acordo com suas tristezas. A tristeza faz alguns jogarem tudo pro alto e sair em busca da felicidade que tanto querem; já outras, afundam-se em calmantes e medonhices, esperando a vida tomar as rédeas e colocar o trem de volta ao trilho.

A tristeza em si, não é algo triste e muito menos lamentável. É algo contornável. Assim como é impossível uma pessoa todo santo dia ser plenamente feliz, ela também não pode ser plenamente triste.

A tristeza para alguns, é um estimulo para reverter o jogo. Transformam corações em pedra, sentimentos em grandes geleiras. Para outros, transforma absolutamente nada – inércia pura e quieta. A vida, mais uma vez, que resolva o que eu não sei resolver.

E milhares de pessoas diariamente são diagnosticadas com depressão e tristeza profunda. A solução? Comprimidos de todos os tamanhos e cores. Para uns, dois por dia basta. Para outros, tem que ser de quatro em quatro horas. Droga licita, tele transportação para um mundo irreal e quase não-imaginário.

A cura para tristeza é vontade própria. Tem que partir da própria pessoa, e não de um diagnóstico médico de um estranho que sabe quase tudo na teoria, muito menos de um psicólogo que mal participa da sua vida diária. E muito menos de comprimidos manipulados e tóxicos que só vão deteriorar seu estômago.

Uma leitura, uma viagem, um cachorro, uma atividade física ou artística. Uma proximidade com alguém distante, feridas bem limpas e fora de risco de infecção – talvez um misto de tudo isso já ajude a eliminar a tristeza aguda de sua vida – Basta você conhecer os motivos e as causas que desencadearam esta tristeza sem fim.

Frases prontas, vazias e tediosas nem sempre são sintomas que a tristeza esteja pairando no ar. A morte de um parente querido, próximo e fundamental. A perda daquele objeto de infância que você tanto preservou. Os sonhos que escaparam entre os dedos que nem água, por falta de coragem de reinventar.

A tristeza bate na porta de toda casa diariamente e ela chega a ser chata de tão insistente que é. Uns abrem a porta e depois a mandam embora, outros a colocam no quarto de visitas. Tristeza não se põe na mesa, e muito menos no quarto ao lado. De preferência, não deve viver nem na própria vizinhança.

Cabe a cada um determinar quanto tempo a tristeza deve ser hospedada em seu lar. O que ela vai ensinar com a chegada e a hora que ela deva partir. Tudo que fica tempo demais acaba sendo destrutivo.

Assim como felicidade é um estado de espírito, a tristeza também é. Cabe a cada um, no seu próprio ritmo, definir o estado que melhor se apropria a sua vida.

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