segunda-feira, 18 de março de 2013

Insônia



Passa-se das três da manhã. Olhos arregalados, livros devorados, cama revirada, travesseiro socado, e o sono perdido em becos escuros em um subúrbio qualquer. Só pode ser.

Ter um sono digno de Bela Adormecida chega a ser uma luxuria em tempos atuais, como por exemplo, hoje. O tic tac do relógio ganha volume e causa ecos. As horas voam, e a impaciência com o sono que está atrasado, só aumenta.


Amanhã pela manhã, pode apostar, vou querer conversar pessoalmente com o encarregado responsável pelo setor do sono. Preciso reclamar sobre os atrasos, que tem se tornando constante, do sono chegar até minha residência, conforme consta no contrato firmado entre nós. O estabelecido era: no mais tardar, as vinte duas e trinta. Clausula claríssima, que vem sendo descumprida descaradamente pela outra parte, o sono, é claro. Pois eu, as dez em ponto, já estou na cama, aguardando sua chegada.



Nem os pesadelos, nem estes estão cumprido o contrato. Chega a ser uma afronta. Apenas olheiras chegam sorrateiras, me transformando em uma panda na calada da noite, onde todo gato é pardo.

O relógio aponta quatro horas, o tédio chega, para fazer companhia a impaciência e a raiva. Foco na respiração, pra ver se consigo trazer o sono de volta pra mim. E se eu for numa cartomante? Será que ela trás meu amor (o sono) de volta? Tópico que daqui a pouco, colocarei em pauta.

E o tempo vai passando, me bombardeando de pensamentos, aflições, memórias, remorsos, dúvidas, revoltas. Minha bateria? Longe de estar na reserva.  Continuo pensando. Resolvo ler, mas a leitura não será na mesma excelência de sempre. E o pensamento solto rouba o vestígio sequer que restava de sono em meu corpo.

Chega cinco da manhã. O primeiro galo já acordou. Como sei? Acabou de berrar escandalosamente avisando pra galinhada levantar que o sol já está raiando. De repente, minha bateria chega nos dez por cento.

Talvez seja hora de eu parar de escrever, pois o sono chegou bem atrasado, todo sorrateiro, pisando em ovos. Aproveitar que ainda me restam duas horas para recarregar minhas forças, já que minha bateria está literalmente na reserva. Só assim para eu conseguir desativar a insônia, e dar um descanso ao meu corpo e a minha mente.

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