E o nada não
conforta, fica estagnado no tempo. No tempo que não anda, que sobra, que
aflige, que não leva a absolutamente nada. O pensamento em nada, a palavra em
nada, a resposta em nada.
E quando a
resposta é nada, é sinal de que tudo quer ser dito, vomitado, despejado sem
cerimônias, sem meio termo, sem meias palavras, sem nada a temer – lavar a
alma, libertar os demônios, derrubar barreiras, livrar-se das correntes da
censura.
A censura leva a
nada, e é um nada forçado, reprimido, violado. É quando não se pode nada, nem
viver como se quer, nem falar como se quer, nem pensar como se quer. Grades da
perfeição alheia, grades da própria submissão.
E o nada que não
aparece, para que possa se perder em meio ao nada, não pensar em nada, não
falar nada, não viver nada.
E é disso que
precisamos: nada. Ele se torna essencial ao passo que, o tudo já não satisfaz.
Quando as companhias incomodam, os pensamentos atormentam, as pretensões
escapam em meio aos dedos, quando as dúvidas são maiores que os sonhos, quando
as respostas são vagas e indeterminadas.
E se no nada a
paz estiver, é pelo nada que eu começo a minha batalha.
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