A tchuca é uma prima em segundo
grau, de apenas cinco anos, que está mais para sobrinha muito bem amada, do que para prima. Ela mora a quilômetros de
distância, uma pena, mas é sempre muito presente em minha vida.
É uma garota inteligentíssima, pergunta tudo, sabe tudo, e tem uma animação de dar inveja a todos, além de ser muito carinhosa e bem amada, mas infelizmente ela teve sua primeira perda
recentemente.
Tudo
começou numa semana cultural no colégio onde estuda. Semana cultural infantil é
cheia de atividades para prender a atenção da garotada, e a pequena tchuca
assistiu teatros, brincou e dançou muito, e ganhou um novo amiguinho: um
peixinho.
Ela
adora animais. Vivia brincando com o Pompom e o Guegueto da titia Manu, mas queria
mesmo é ter seu próprio bichinho. Então dá pra imaginar a felicidade dela com
seu novo amiguinho? Indescritível.
Logo
que chegou a sua casa, ligou correndo para a vovó, para contar a novidade.
Relatou que ele era o peixinho mais lindo do mundo dos peixes, que pulava e
brincava bastante, que o amava do fundo do seu coração, que estava muito feliz
com seu novo amiguinho, que iria alimentá-lo adequadamente – e que ele estava
com fome e logo menos daria mais ração, toda aquela euforia deliciosa que só
uma criança consegue expressar. Encerrou a conversa com a vovó, e foi se juntar
ao seu novo e inseparável amiguinho.
Minutos
depois, voltou a ligar para a vovó, só que aos prantos. Entre soluções
sentidos, dizia a vovó que ele tinha morrido, que isso não podia ter
acontecido já que ele era muito feliz na nova casa, que ela estava pedindo pro
papai do céu trazer ele de volta, que ela não queria que ele partisse, já que
mal tinha chego. E ali, a tchuca sentiu pela primeira vez dor de perder alguém
especial.
Talvez
o peixinho tenha morrido pelo excesso de comida, morreu literalmente pela boca,
mas essa não era a intenção da tchuca, ela estava zelando para que ele se
sentisse bem e feliz, para que não sentisse fome.
E
essa história real que tem como protagonista uma criança e seu primeiro animal
de estimação, pode servir como lição para nós adultos.
Muitas
vezes o excesso de zelo é como um tiro que sai pela culatra, em vez de fazer
bem, faz mal. Os excessos devem ser evitados e monitorados, pois o que é bom
pra gente, não pode ser pra outra pessoa.
E
em toda nossa passagem, iremos perder pessoas queridas e animais queridos, às
vezes pela força do destino, e outras, por força de nossas ações.
Que
a tchuca supere a primeira perda sofrida da melhor forma possível, e sempre se
lembre do seu primeiro amiguinho todo saltitante e feliz, nadando em sua
casinha.
Que
a cada perda sofrida em nossas vidas, essa perda seja superada também, da
melhor forma possível, sempre vendo o lado positivo da história – o outro lado
da moeda, porque mesmo quando a gente perde, a gente ganha.
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