terça-feira, 26 de março de 2013

A primeira perda


A tchuca é uma prima em segundo grau, de apenas cinco anos, que está mais para sobrinha muito bem amada, do que para prima. Ela mora a quilômetros de distância, uma pena, mas é sempre muito presente em minha vida.

É uma garota inteligentíssima,  pergunta tudo, sabe tudo, e tem uma animação de dar inveja a todos, além de ser muito carinhosa e bem amada, mas infelizmente ela teve sua primeira perda recentemente.

Tudo começou numa semana cultural no colégio onde estuda. Semana cultural infantil é cheia de atividades para prender a atenção da garotada, e a pequena tchuca assistiu teatros, brincou e dançou muito, e ganhou um novo amiguinho: um peixinho.

Ela adora animais. Vivia brincando com o Pompom e o Guegueto da titia Manu, mas queria mesmo é ter seu próprio bichinho. Então dá pra imaginar a felicidade dela com seu novo amiguinho? Indescritível.

Logo que chegou a sua casa, ligou correndo para a vovó, para contar a novidade. Relatou que ele era o peixinho mais lindo do mundo dos peixes, que pulava e brincava bastante, que o amava do fundo do seu coração, que estava muito feliz com seu novo amiguinho, que iria alimentá-lo adequadamente – e que ele estava com fome e logo menos daria mais ração, toda aquela euforia deliciosa que só uma criança consegue expressar. Encerrou a conversa com a vovó, e foi se juntar ao seu novo e inseparável amiguinho.

Minutos depois, voltou a ligar para a vovó, só que aos prantos. Entre soluções sentidos, dizia a vovó que ele tinha morrido, que isso não podia ter acontecido já que ele era muito feliz na nova casa, que ela estava pedindo pro papai do céu trazer ele de volta, que ela não queria que ele partisse, já que mal tinha chego. E ali, a tchuca sentiu pela primeira vez dor de perder alguém especial.

Talvez o peixinho tenha morrido pelo excesso de comida, morreu literalmente pela boca, mas essa não era a intenção da tchuca, ela estava zelando para que ele se sentisse bem e feliz, para que não sentisse fome.

E essa história real que tem como protagonista uma criança e seu primeiro animal de estimação, pode servir como lição para nós adultos.

Muitas vezes o excesso de zelo é como um tiro que sai pela culatra, em vez de fazer bem, faz mal. Os excessos devem ser evitados e monitorados, pois o que é bom pra gente, não pode ser pra outra pessoa.

E em toda nossa passagem, iremos perder pessoas queridas e animais queridos, às vezes pela força do destino, e outras, por força de nossas ações.

Que a tchuca supere a primeira perda sofrida da melhor forma possível, e sempre se lembre do seu primeiro amiguinho todo saltitante e feliz, nadando em sua casinha.

Que a cada perda sofrida em nossas vidas, essa perda seja superada também, da melhor forma possível, sempre vendo o lado positivo da história – o outro lado da moeda, porque mesmo quando a gente perde, a gente ganha. 

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