Dizem que a rede é o paraíso do
preguiçoso. Pois bem, quero um pouco desse paraíso em meu dia a dia também. Uma
rede pra tirar um cochilo após o almoço, uma rede para balançar bem alto, uma
rede para deixar permanecer toda a preguicite que predomina em meu ser.
Uma rede para ver o tempo passar,
pensar na vida, pensar em nada, apreciar o céu ensolarado ou estrelado. Uma
rede para ninar uma criança ou um adulto.
Quando fui para Bonito, no Mato
Grosso do Sul, antes de fazer um passeio, todo o grupo almoçou. Daí quando
todos acabaram suas refeições, notei que iam sempre à mesma direção, como eu
estava sozinha, resolvi seguir a manada, para não me perder. Eis que, quando eu
saio pela porta o que vejo? Um enorme redário, que eu perdia de vista. E cada
pessoa ia se acomodando, com o auxilio de funcionários específicos para isso.
Logo, veio o primeiro bocejo, e fiquei feliz da vida quando uma senhora veio em
minha direção, com um sorriso estampado, perguntando se poderia me ajudar.
Retribui o sorriso e disse: “Uma rede, por favor!”. Logo menos, lá estava eu, sendo acomodada em uma rede,
fresquinha, pertinho de uma árvore. Comecei a escutar os passarinhos cantando,
as águas caindo de cachoeiras que deviam estar bem pertinhas, macaquinhos aprontando.
O dia estava lindo, com direito a tucanos voando e araras coloridíssimas
também, dando uma pitada de colorido para aquele céu azul limpíssimo, que dava
espaço apenas para o sol.
Confesso que tirei um belo cochilo
após uma ótima refeição. Era hora do passeio, mas eu estava quase optando por
continua ali, escutando o barulho que as folhas faziam quando o vento as
atingia, sem tic tac de relógio, carros com motores roncando.
Me despedi da rede com um “Até
logo!”, e nunca mais voltei. Mas pretendo voltar em breve para matar as
saudades.
Enquanto isso, eu aprecio a brisa da
manhã, ou da tarde, u da noite, estirada na rede da minha casa, com meu
cachorro do lado, e um livro do outro.
Mas toda vez que viajo, e entro em
um restaurante e termino minha refeição, sinto falta de um cominho que me leve
para um redário e tenha uma senhora toda sorridente a minha espera para me
acomodar em uma rede onde haja uma bela vista.
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