quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Jovem pra ser velha e velha pra ser jovem


Está aí um assunto que eu sempre saio pela tangente: Envelhecimento. Eu sei, é o processo natural da vida. Enquanto escrevo esse texto, envelheço aos poucos. Também sei que, adquirir idades ao meu currículo só agrega sabedoria - ou não. Sei de todo o roteiro, mas ainda não gosto do assunto, nem na teoria, nem na prática.

Não brigo com o espelho, nem fico caçando rugas e cabelos brancos, mas não gosto de pensar no assunto, como muitos pensam. A única coisa que penso é na aposentadoria antes dos 60. Aposentadoria? Pois é, antes eu pensava em entrar na faculdade e encontrar meu primeiro emprego. Hoje planejo a aposentadoria. Sintomas de que estou envelhecendo. Mais uma garantia, né? Pessoas em processo de "amadurecimento" gostam de garantias, zonas de conforto, continuidade da árvore genealógica. 

Vire e mexe jogo uma mochila nas costas para acordar a juventude que habita meu ser, mas logo aponta uma dor nas costas que mostra que já estou ficando velha para ser jovem, mas mesmo assim, lá estou eu, brigando com a tal rivalidade. Conserto: brigando não, tentando encontrar um meio termo.

Mas confesso, bate um desespero assim, miudinho, mas bate. Começo a cuidar da saúde, do corpo, a ler mais, para ser se cabe em minha cachola toda informação do mundo. Mas o que pega mesmo, bem lá no meu ego, é a vestimenta. (Se você pensou que era botox e cirurgias plástica, se enganou!)

Quando se passa dos 25 anos, a pressão da sociedade é que você use roupas adequadas para sua idade. No meu caso, camisas, saltos e saias. Ok, legal. Mas isso não é a minha cara. Não é que é roupa de velha, é roupa de gente grande, e eu ainda, mesmo que seja só no espírito, ainda não me engrado nessa categoria. Já me tiraram os tênis, e agora me vem que sapatilhas não pode? Ah, mas vá!

Dá pra ser fofa, após os 25 anos, sem parecer uma adolescente de 15. Dá pra ser despojada aos 35 anos, sem a rebeldia dos 18.  Você não precisa vestir a fantasia de gente grande, e assim ficar pro resto da vida. Assim como, de vez em nunca eu subo no salto, entro numa camisa e saia lápis e mergulho na maquiagem; e de vez em sempre, estou eu com uns jeans, uma blusinha, de cara lavada e rabo de cavalo, pé no chão ou de tênis, sendo feliz. 

A beleza não é estar de acordo como a sociedade exige. Acho lindo cabelos grisalhos, não penso na velhice, porque o hoje é o que me interessa. E se eu puder trapacear, usando havaianas e rabo de cabelo, em vez de saltos e botox, acredito que eu aceite melhor tal fase que chegará na minha vida. 

Isso pode parecer um monte de desculpas esfarrapadas, ou um desejo desesperado pela juventude. Mas no fundo, eu quero menos opinião sobre o que eu vou ser quando crescer, e o que eu vou vestir para passear no shopping. Não sou modelo, nem fashionista. Não sou encanada com rugas, nem com fios brancos. Não sou desleixada, nem desprovida. 

Hoje sou jovem pra ser velha, mas também, velha pra ser jovem. 


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