quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Desapeguei

Há mais de um ano venho exercendo o desapego na minha vida. Tanto de coisas materiais, quanto imateriais. Fácil não é, mas a gente tem que começar pelas coisas mais fáceis, para depois ser fácil partir para as difíceis. Complexo o que eu disse? Ok, vou desenvolver melhor a mensagem meio subliminar que lancei ao vento. 

Eu era muito apegada aos meus brinquedinhos, mas que brinquedinhos são esses? Aqueles, da época da infância, que vinha no kinder ovo, no mc lanche feliz! Lembraram? Pois é. Eu sempre tive muitos, muitos mesmo! Mas eu tive que começar a me desapegar, já que eu estava lutando por um espaço maior para meus livros (A gente tem que se desapegar de algo, para se apegar em outra coisa), e tinha chego a hora dos brinquedos ganharem um novo lar, um lar onde eles tivessem a função de brinquedo e não de enfeite. Foi uma das coisas mais difíceis da minha vida. Me desfaço sem problemas de roupas e calçados, mas os brinquedinhos que estavam há mais de 1 década comigo, precisavam urgentemente de um novo lar. 

Lá fui eu, separar um por um. Mas pra quem eu destinaria a minha herança? Será que eu perderia minha infância com cada brinquedo que se ia? Se eu continuasse a pensar, os brinquedos certamente ainda estariam em casa, enfeitando minhas prateleiras e sendo objeto de desejo das crianças visitantes. (Detalhe: A egoísta aqui nunca se atreveu a permitir que alguma criança  tocasse os benditos brinquedinhos). Eu abrindo mão do meu legado em pró da felicidade alheia. Um ato de desapego, sim. Mais um desapego doloroso.

Sid, Many, Wood, Buzz, Fred, Kiko e Nhonhô cruzaram o Atlântico e o Pacifico para alegrar dois guris. Do outro lado, Chiquinha, Dino, Jessie, Chaves, Catatau e Zé Colméia estão tendo uma vida agitada em alguma cidade do interior de São Paulo. Os Smurfs? devem estar aprontando todas com a nova dona. Os guaxinins fofos, estão dormindo agarradinhos com alguma criança. Certamente, eles devem estar bem mais felizes com a agitação do novo lar, já que, nasceram com um destino certo: brincar. 

Ainda tem mais uma leva, que logo logo estará indo para um novo lar. E os anões, que eu tanto amo e prezo, ficarão comigo até o final, pois como disse no inicio deste texto, a gente se desapega do que é mais fácil primeiro, embora não tenha sido fácil deixar uma parte da minha vida sair encaixotada rumo a um novo cenário. 

Já desapeguei de sentimentos, de pessoas, de roupas e objetos. Mas acredito que, tudo que esteja diretamente ligado à nossa infância (que no meu caso foi bem feliz) ou a momentos felizes, seja difícil de desapegar. Pois tudo que é bom, temos a mania de querer guardar à sete chaves, para ficar ali, como uma válvula de escape, um precioso imensurável, que perde o valor, conforme a finalidade principal é substituída por outra que, perde o sentido.

Que meus herdeiros cuidem com todo o carinho dos meus ex-xodós. E que um dia, passem eles para a frente, num clico contagioso de desapego e felicidade.

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