segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Entrelinhas


As entrelinhas nunca dizem o que deveria ser dito. Fica ali, pairando no ar a procura de que alguém a apanhe e a compreende, da forma mais sincera possível. Mas ninguém faz nada. Todos estão cegos e surdos, mas mudos? Jamais. Ninguém quer ver as coisas como realmente são, ninguém quer escutar o que deve ser escutado, mas todos falam o que querem, para quem quiser escutar (e alguém de fato escuta?). As estrelinhas, não vem sendo uma boa solução, e já deixou há muito tempo de ser uma alternativa, digamos que, útil. 

Energeticamente falando? É exaustivo. Não dá pra ficar matando cobras, leões e colocando girafa pra dormir todo santo dia. Cansa, e quando eu digo que cansa, é que cansa muito, mas muito mesmo. Principalmente no campo emocional. Esgota tanto que, quando você chega em casa, a sua única vontade é se jogar na cama, sem banho, sem jantar, e deixar que o sono te leve para algum lugar - que seja bem longe e que evite que você gaste o restante da energia que te sustenta. Mas lógico que tem que rolar um rango e um bom banho, pra soneca ser bem mais prazerosa.

Convenhamos, pra quem acredita, é claro! Fazer qualquer coisa, sem a energia devidamente equilibrada é querer apostar corrida com lesmas e ainda sim, perder de L-A-V-A-D-A. Não dá pra encarar aquele cliente chato, muito menos fechar aquele relatório tenso, falar então? Se torna algo tão complexo, que você deseja que ninguém te faça nenhum pergunta, principalmente se você está bem. Bem, bem, com certeza você não está, mas os credores não fazem questão de saber disso. Dane-se seu emocional, eles querem seu dinheiro, querem suas contas devidamente pagas em dia, ou senão, protesto já! Mas ainda bem que as contas estão em dia, algo tem que estar em dia, né? Se o sono e o equilíbrio não colaboram, as contas pelo menos, continuam nos trilhos.

A gente faz caras e bocas, reclama da chuva que não cai e da seca que se alastra, mas não fecha a torneira enquanto escova os dentes ou lava a louça. Reclama sem parar que o Brasil é um país de merda, que todo mundo rouba no Congresso Nacional, mas compra filme pirata e sonega tudo o que pode e o que não pode. Dedinhos apontados pra todos os lados, se olhar no espelho e admitir as próprias falhas, é luxo baby.

Passei um fim de semana quase inteiro pensando em como deixar as entrelinhas mais claras, para que as pessoas pudessem entender o recado. Assim como, em como seria uma vida onde o capitalismo não reinasse tanto e pudêssemos fabricar a própria roupa, a própria comida e o celular não fosse um rastreador, e sim um aparelho para conversar, matar saudades - e não para ditar ordens e correr contra o tempo.

Natal tá chegando, um novo ano também. Talvez seja hora de vomitar verdades antes de cair de boca na ceia e sair rolando rumo ao novo ano. Talvez seja hora de dar um bastar e se desligar desse sistema corruptivo que te faz ter uma vergonha escandalosa de ser honesto.

Daqui a pouco vão me dizer que honestidade é crime. Lamento dizer que, estarei na lista dos réus com prisão perpetua - ou até mesmo - pena de morte decretada. Sim, as vezes dá vergonha de ser honesto, mas a cabeça fica bem leve quando encosta no travesseiro. 

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