segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Era uma vez...


Era uma vez...

.... Uma menininha que morava com seus pais, e tinha seu próprio quarto. Era um quarto cor de rosa, cheio de bonecas, ursinhos, brinquedos, imaginação. Desculpa, eu errei, não era um quarto, era um castelo! Um castelo lindo e imenso, com um jardim lindo, cheio de pássaros, bichinhos, alegria. Naquele castelo habitava uma princesinha.

Com o passar dos anos, aquele castelo deixou de ser um castelo, e tornou-se um forte, quando essa menininha virou adolescente. As paredes rosas ficaram verdes, as bonecas foram para o sótão e os ursinhos para o porão, os outros brinquedos para a caixa de doação e a imaginação foi trancada em um baú à sete chaves. Naquele forte habitava uma revoltada.

Anos depois, o forte tornou-se um esconderijo, era para lá que a jovem recorri quando estava com medo, raiva, feliz. Qualquer que fosse  sentimento que a acometesse, para o esconderijo ela corria. Lá ela podia ser ela mesma, dar vazão aos seus sentimentos e imaginação, cantar, dançar, pular, gritar, chorar, conjugar todos os verbos em todos os tempos. Naquele esconderijo habitava uma fugitiva. 

Depois de ter tido um castelo, um forte, um esconderijo, ela resolveu que era hora de ter um quarto, como manda o figurino. Mudou toda a decoração, tentou deixar mais a sua cara, uma parte externa do que ela era. Não conseguiu. Se sentia mais uma hospede no próprio quarto do que uma moradora, o que de fato era. O quarto que era pra ser seu castelo, forte, esconderijo, se tornou apenas um quarto de pensão, o qual ela ia sempre para dormir e nada mais. os pouco metros quadrados que a detinha naquele espaço a sufocava demais. Já não era mais uma princesinha, nem uma revoltada e muito menos uma fugitiva. Era uma perdida. Uma perdida em pensamentos, sentimentos e decisões. 

E nessa ânsia de se achar, de encontrar seu lugar no mundo, ter um alguns metros quadrados todo o seu mundo, porto seguro, refugio, castelo, forte, templo, esconderijo, paz, ela chegou a conclusão que ali, naquele lugar, não estava seu lar, pois seu coração ali não estava. Sem churumelas, sem medos, sem receio, ela percebeu que era hora de voar mais alto e encontrar um novo lugar para fazer seu ninho. Nada muito grande, nada muito pequeno, nada de meio termo. Algo que fosse como uma peça de quebra cabeça, se encaixasse perfeitamente ao que procurava.

Mas havia um pequeno grande problema, a princesa-revoltada-fugitiva-perdida não sabia o que procurava, portanto, não sabia o que encontraria no caminho. Antes de sair de casa, ela pegou escondido no armário, um pouco de pó de otimismo, para que encontrasse nas pequenas coisas o essencial para preencher esse sabe-se-lá-o-que que sentia falta. 

O que aconteceu com essa menininha? Não sei. Eu desejo profundamente que ela esteja por aí, sendo feliz, fazendo a diferença no mundo e trabalhando melhor com os próprios fantasmas. 

E você? Tem vivido como? Fugindo de algo ou alguém? Escondendo sentimentos e vontades? Vivendo no mundo de Alice? Chorando com as mudanças que acontecem em sua vida? Lamentando por tudo e não agradecendo por nada? Jogando a felicidade para o futuro e não fazendo nada para ela se realizar hoje, agora? 

E a gente vive em torno de "era uma vez" eu ganhando na mega sena, "era uma vez" eu viajando o mundo, "era uma vez" eu com um casamento dos sonhos, "era uma vez" eu com filhos lindos, educados e inteligentes; "era uma vez" eu sonhando e não correndo atrás... 

Historinhas são legais, mas a nossa história tem começo, meio e fim, ela é consequência de nossas ações, se ficarmos sem fazer nada, nossa historia será sem sal, sem ação, sem sentido. Se esperarmos que os outros façam por nós, veremos a vida passar entre os dedos e alimentaremos a frustração de não sermos responsáveis e capitães de nossa própria embarcação. 

Aceite os meios para chegar ao fim! 

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