Uma amiga foi passar uns dias em um retiro
de meditação, onde a meta é não falar e encontrar o eu interior. Eu admiro, e
dependendo de como for à experiência dela, quem sabe no próximo retiro eu não
me candidate?
Mas a questão em si é: Como é que ela vai aguentar passar 10 dias sem dizer absolutamente nada? Não sei, terei que
esperar o seu regresso para perguntar.
Palpito que o “bom dia” será trocado por sorrisos, assim como o “
obrigado” e o “boa noite” usará a mesma metodologia. Mas e o “Ai!” será
substituído por uma careta? Mas se eu deixar de analisar friamente todo o
contexto, esse retiro não é tão somente para você encontrar o eu interior, tem
um leque bem maior atrás da meditação toda. O aprender a silenciar vem lado a
lado do saber conversar, e você se engana ao pensar que, silêncio e conversa
são duas coisas que não habitam o mesmo mundo. Eles são mais irmãos que muita
gente solta por aí.
A partir do momento que você aprende a
silenciar, você consegue prestar atenção em tudo ao redor, logo, numa conversa
formal ou trivial, você escutará da
forma correta o seu interlocutor, dando a devida atenção e não pensando em
respostas ou cortando-o no meio das palavras, para mudar de assunto, assim,
desvalorizando o que o outro tem a lhe dizer, logo fará uso das palavras
certas, mostrando assim, seu respeito pelo interlocutor e por você mesmo.
Vivemos, infelizmente, em um mundo onde
todos, a todo custo, querem mostrar o quão são inteligentes e superiores, onde
falam sem parar e sem pensar, sequer dando a oportunidade dos outros falarem, e
quando falam, sequer estão escutando. Eu já fiz isso e com certeza você também
já fez.
Com a ideia de que o mundo está andando
rápido demais, na intenção de aproveitarmos cada minuto, falamos demais para preencher
as lacunas vazias, ouvimos de menos como se isso fosse desnecessário e
esquecemos que o silêncio é uma das coisas mais valiosas que dispomos e não
utilizamos.
Na maioria das vezes, as respostas estão
nos silêncios que recusamos em escutar.
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