segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O saber ouvir

Uma amiga foi passar uns dias em um retiro de meditação, onde a meta é não falar e encontrar o eu interior. Eu admiro, e dependendo de como for à experiência dela, quem sabe no próximo retiro eu não me candidate?

Mas a questão em si é: Como é que ela vai aguentar passar 10 dias sem dizer absolutamente nada? Não sei, terei que esperar o seu regresso para perguntar.  Palpito que o “bom dia” será trocado por sorrisos, assim como o “ obrigado” e o “boa noite” usará a mesma metodologia. Mas e o “Ai!” será substituído por uma careta? Mas se eu deixar de analisar friamente todo o contexto, esse retiro não é tão somente para você encontrar o eu interior, tem um leque bem maior atrás da meditação toda. O aprender a silenciar vem lado a lado do saber conversar, e você se engana ao pensar que, silêncio e conversa são duas coisas que não habitam o mesmo mundo. Eles são mais irmãos que muita gente solta por aí.

A partir do momento que você aprende a silenciar, você consegue prestar atenção em tudo ao redor, logo, numa conversa formal  ou trivial, você escutará da forma correta o seu interlocutor, dando a devida atenção e não pensando em respostas ou cortando-o no meio das palavras, para mudar de assunto, assim, desvalorizando o que o outro tem a lhe dizer, logo fará uso das palavras certas, mostrando assim, seu respeito pelo interlocutor e por você mesmo.

Vivemos, infelizmente, em um mundo onde todos, a todo custo, querem mostrar o quão são inteligentes e superiores, onde falam sem parar e sem pensar, sequer dando a oportunidade dos outros falarem, e quando falam, sequer estão escutando. Eu já fiz isso e com certeza você também já fez.

Com a ideia de que o mundo está andando rápido demais, na intenção de aproveitarmos cada minuto, falamos demais para preencher as lacunas vazias, ouvimos de menos como se isso fosse desnecessário e esquecemos que o silêncio é uma das coisas mais valiosas que dispomos e não utilizamos.

Na maioria das vezes, as respostas estão nos silêncios que recusamos em escutar.

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