quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Barulho na madrugada


Acordo de madrugada com o barulho. Será que alguém pulou o muro e está tentando arrombar a porta da minha casa? Meu cachorro dispara a latir. O susto é enorme que, quando tento acender a luz do quarto, nada acende. Pronto: Os caras são tao espertos que cortaram a minha energia para o crime perfeito, logo penso. Cadê o celular? Acho esse, tateando no escuro e o derrubo. Acredito que ele se despedaçou em mil. E agora? O Charlie continua a fazer o maior escândalo. Nessa altura do campeonato, quem quer que fosse que, já desistiu de arrombar a porta e roubar o que quer que fosse e foi embora, era muito barulho e os vizinhos, possivelmente, já teriam acordado. Resolvi levantar no escuro mesmo assim. Eu estaria bem encrencada se encontrasse o meliante na sala, pois não daria tempo de chegar até a cozinha e pegar a frigideira para me defender adequadamente. Tentei a sorte. 


Cheguei na sala e vi que tudo estava quieto demais, o único som que vinha de fora era do sapo, que provavelmente estaria ali na minha área. Acendi a luz da sala, da cozinha, da varanda, da lavanderia. Peguei minha melhor frigideira e resolvi vasculhar lá fora. Sim, tinha um sapo perto da churrasqueira. Se alguém tentou entrar em casa, só pode ter sido ele. Além de feio e asqueroso, o dito cujo era muito gordo. Apaguei tudo e resolvi voltar a dormir. Sem antes, achar meu celular despedaçado e juntar cada pedacinho dele. Eu precisaria dele logo menos, para me acordar. Percebi que apertei o interruptor da velocidade do ventilador em vez da luz. Não faltou energia em momento algum, faltou foi discernimento em apertar o interruptor certo, isso sim. O meliante era o sapo gordo, que eu esperava que fugisse logo, para que eu não tivesse o desprazer de vê-lo pela manhã. Mas por precaução, a frigideira ficou ao lado da cama. 


Logo pela manhã, mal lembrando da muvuca que aconteceu na madrugada, tudo estava na mais perfeita ordem (E o sapo já tinha se retirado da cena do crime) até que.... Eu descobro o verdadeiro motivo do barulho horrível da madrugada: O suporte que sustenta os cabides despencou. Claro, que era por excesso de peso, mas como o guarda-roupas estava fechado e o som da queda foi abafado, dava a impressão que era na parte externa da casa. Na hora eu cai na risada, mas depois eu vi a confusão que eu tinha entrado: Teria que arrumar toda aquela bagunça na primeira oportunidade - e muita coisa tinha que ir embora.


A culpa não era do sapo, nem do suposto ladrão. A culpa pelo barulho era somente minha. Pelo meu "excesso" de roupas penduradas à espera de serem usadas (e quase nunca usadas). Era eu saindo da minha zona de conforto de forma forçada para reorganizar meu guarda-roupas e tirar o peso extra que havia ali. 


Metaforicamente falando, é um exemplo que devemos seguir. Tirar o excesso de nossas costas, antes que entremos em curto circuito. Dar atenção aos contratempos que a vida cria e nos envolve e resolvê-los e até mesmo eliminá-los o quanto antes, e não simplesmente quando a sirene toca e a tempestade já está caindo. 



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