terça-feira, 26 de julho de 2016

Correndo



Faz um pouco mais de um ano que comecei a correr. Lembro como se fosse hoje. Não comecei a correr porque eu queria emagrecer, nem porque queria parar de fumar (nunca fumei), eu comecei a correr simplesmente porque minha analista mandou. Eu fui correr, extremamente emputecida, porque eu estava com muita raiva. Minha analista tinha me dito que eu deveria extravasar minha raiva na corrida e mandou eu correr. Esperneei, confesso. Falei que ela não mandava em mim, que eu fazia o que queria, que isso e aquilo. Jurei nunca mais olhar na cara dela. Mas fui lá e dei o primeiro passo - e voltei para nosso bate-papo de sempre.

Foi horrível, eu confesso. Mal corri 100 metros e eu já queria sentar, ir pra casa, abrir uma cerveja ou um pacote de bolacha recheada. Me questionei durante 45 minutos, o que eu estava fazendo, que tipo de tortura era essa? A primeira semana foi a mais complicada, eu achei que morreria a qualquer momento. A segunda semana foi motivadora, já conseguia correr 2 minutos sem parar. Na terceira semana veio a euforia, em um ritmo leve e progressivo, alcancei meu primeiro quilometro ininterrupto, juro, quase pedi a bombinha de ar. Depois, entre altos e baixos, segui a vida correndo. Acalmava minha mente conturbada dava ver que corria. O tal do cansaço mental, que vivia me rodeando foi sumindo, a insônia também, e a corrida virou meu alicerce motivacional.

Como consequência perdi alguns quilos - foi quando me dei conta que estava um pouco acima do peso. A meta, era apenas 5k, seja correndo e andando, ou só andando, ou só correndo - o importante era me movimentar. Até que, um belo dia, um mosquitinho me picou. Daí já não tinha mais o que fazer. Conheci pessoas extraordinárias correndo, que me motivaram a cada passo a ir um pouco mais além. A quilometragem foi aumentando. A satisfação também.

Percebi que, cada pessoa tem seu próprio ritmo, sua própria forma de encarar a corrida. Tem gente que é louco por pódio, tem gente que corre pra manter a forma, tem gente que corre pra acalmar a mente (sou desse tipo), tem gente que corre pra acompanhar os amigos, e cada pessoa corre por um motivo. O difícil hoje, não é correr, é parar de correr. Seja debaixo de chuva fina ou forte, sol escaldante, vento cortante - a corrida precisa ser feita.

A minha primeira corrida foi um verdadeiro martírio. A última que eu fiz, fiz sofrida, mas a quilometragem foi bem maior - assim como a satisfação. Quando saímos da nossa zona de conforto e descobrimos que podemos bem mais - melhorando progressivamente - abrimos os olhos e vemos que as oportunidades aparecem quando estamos de fato preparados. 

Sim, eu poderia ter começado à correr 10 anos atrás. Poderia ser a rainha dos pódios, do pace baixo, da postura perfeita e da pisada exemplar. Eu poderia estar bem melhor do que hoje - mas eu estou tão feliz da forma que me encontro que, a corrida entrou na minha vida no momento certo e preencheu absolutamente todas as lacunas que antes eu nem sabia porque estavam ali. 

Se você puder correr, corra! Corra contra o tempo se isso foi benéfico pra você. Nossa vida é tão corrida, tão atarefada, que muitas vezes o nosso botão de "desligar" não é um travesseiro, e sim um par de tênis confortável, o vento na cara e um passo de cada vez. 


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